segunda-feira, 3 de julho de 2023

Conversa com meu Pai (Parte 3)




Os anéis de saturno ainda estão lá...
As mangueiras da Coriolano permanecem
O tempo levou o Jucá mais pra perto da Padre Júlio
E ainda está lá, encoberto nos muros do antigo CCA,

Uma saudade...

Eu ainda sou eu, sabia, Pai?
Ainda digo não pras coisas erradas dessa vida
Ando mais calma, no direito sagrado de te amar
Mas, sem exigir do Universo o que não puder me dar...

É, Pai...

Eu quero de cada um só o que puder me dar
Da vida, com esforço, sonho e doçura, busco mais
Pois quero que da tua sombra e do teu fruto
Venha para o mundo ainda mais amor e cheiro de jasmim

E sobretudo, quero te dar paz, sempre que pensar em mim...

Já não se fala mais em Presidente Sarney, sabia, Pai?
E isso me recorda que o poder é uma ilusão
Mas ainda se fala em Capi e Waldez, papai querido
Porém, gente nova  vem trazendo mais daquele sonho antigo...


Não sei se saio daqui fazendo alguma diferença 
O mundo é mesmo um tão vasto mundo, José!
A gente se pergunta tanto 'e agora'?
De repente a gente chega e, sempre num susto,

Vai embora...

E por aí, José? Como vai viver?
Já tomou um baré com o Madureira?
Já visitou os amores - aqui e acolá 
E foi pescar em alguma 'beira'? 

Há tanta saudade...nem sei dizer!
Faz uma eternidade que não me buscas pra almoçar
Faz um tempão que não tocas a campainha
Não vens com o pão ou me chamas pra lanchar...

Faz um tempão que a gente não ouve Chico
Não debate a matemática inconclusiva de existir
Ou eu te inquieto por algum filme ou quem sabe, um Pessoa
Ou a gente não foge da civilização

E fica em paz dentro de um rio ou uma lagoa...

De tudo isso, Pai,

Fica uma saudade que se alonga nos dias
Se dilui um pouco mais ou se adensa no decorrer das emoções
às vezes, até mesmo sem motivo
- O coração tem suas razões...

Bom, Pai...até breve!
O poema acaba e preciso aceitar
Que bom que nos une, sempre que a saudade vem
Esse elo que sagrado que a gente tem!

Bom, Pai...até breve
O poema relutantemente acaba...preciso aceitar
Se cuida meu pai, que o vento te leve!
E que Deus te abrigue, até te reencontrar...

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