sábado, 15 de abril de 2023

Dignidade


 Alma. Alma!
Essa é a minha oração
Nada mais precede o verso
No caos da criação.

As coisas têm alma?
Têm alma a mão que afaga?
O verso tem o afago?
Quanto eu deixo? quanto trago?

Alma é consciência?
É o que sai, quando o corpo falece?
É a essência do café matinal?
É o beijo de amor real?

Alma és tu,
Deus?

Sou eu, feita da poeira cósmica
Pela tua vontade e imagem?
Eu sou um conceito dogmático que impõe ao Universo respeito?
Alma é a essência, então, do Direito?

A poesia, sempre tão macia, responde: "Os lírios não nascem das leis..."

Alma é atributo humano?
Então os peixes não têm vez?
Como podes dizer isso, pessoa?
E viver numa boa mergulhado na foz do Araguari...

Eis-me aqui, neste ensaio:
 tudo é alma. 

A desconexão é a mãe da crueldade
Somos infinitos entrelaçados
existenciais coabitantes de um planeta que pulsa
dignidade...

Por isso está em paz
E bem coabita
Toda mão que dá a outro coração 
A condição de também ser.


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