quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Das desimportâncias.


Não é por mim que florescem begônias na Av. Fab.
Nem foi porque pedi que o Amazonas subiu
Ontem choveu, bem na hora em que fazia uma oração
Tenho certeza que também não foi por mim...

- E, a despeito do poema maravilhado, 
Passaram tinta cinza na palavra 'saudade' do muro do antigo CCA...- 

Os correios deixaram de entregar mensagens de amor
Nunca recebi uma carta perfumada,
Não é minha esta noite enluarada no equador
E, a despeito de mim, faz um estrondoso calor...

Deslumbro com a dança as folhas secas entre outono e verão 
Com a marcha  de formigas que calmamente ensina o poder da união
E as borboletas amarelas e seu balé de quimeras
Anunciam que é primavera! é primavera...

Há um Rubem Alves novo na livraria
 recados deixados na estante de sua emoção
relicário, epitáfio de lições dispostas em capa colorida 
Pequenos pedaços de filosofia mansa e macia 
Ah! Meu velho amigo, tu nem sabes...

Mas, ainda hoje foi manchete no noticiário:
descobriram uma nova lua em um outro planeta
A milhas e milhas, anos-luz afora deste sistema solar,
A exótica harmonia existencial não pára de se desvendar!
- E  nada, nada disso é por mim.

É apenas a ordem natural do Universo...
Ainda assim, escrevo, contemplo, disperso!
Sinto cada pequena emoção e geografia
Pois, bem sei, diploma e sina de poeta
É beber o mundo na taça da poesia.

(E de ressaca poética
carregar o peso e a leveza de seu próprio coração,
Desmanchar de amores  pelas cores da estação... )


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*Para o  dia internacional do poeta - o diplomata entre a palavra e a contemplação.


LUZ! 

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