Hoje vou sujar a página daquele Drummond novinho em folha e
sentir nascer no meio do caminho uma flor.
Vou desligar o celular e ouvir música de gente que partiu, mas
deixou por herança a arte de sentir e de(re)clamar amor.
Vou tomar um vinho e ouvir canções antigas e ter mil
sinceridícios emocionais ( Sim, eu sou uma sincericida tão sentimental!)
Hoje não vou tentar entender esse coração tão bobo e bruto, um tolo clássico e sentimental que não se
ajusta e se vê continuamente apertado entre convenções insignificantes e
orgulhos idiotas.
Vou apagar as pegadas do caminho e deixar soprar o vento
e a maré da vida, que movimenta tudo: flores, folhas, ganhos…alma!
Parar de ser tão crítica comigo, escrever um texto ruim, chinfrim e cheio de gerúndios, essa continuidade viciosa que permite tanta coisa continuar, sem ser.
Parar de ser tão crítica comigo, escrever um texto ruim, chinfrim e cheio de gerúndios, essa continuidade viciosa que permite tanta coisa continuar, sem ser.
Hoje vou me derramar, manchar a taça com meu batom e falar de
amor. Não vou sair e nem comer sushi ou
outro prato bonito feito pela culinária local, mas sim fazer um macarrão com
tudo que houver de antigo na geladeira e ver um prato cheio de molho fumegar na
minha frente, para ter a sensação de recriar o que já foi criado e ver nascer o belo
do que era inservível, imprestável.
Colocar um blusão de meia e, depois da terceira taça, quem sabe
ligue o celular e digite a trôpega mensagem que não deveria ( Te amo, seu burro!).
Ah! Desisti de ser tão comedida.
Ah! Desisti de ser tão comedida.
Hoje não quero salvar vidas, redimir pecados, falar em
crimes sem castigo. Não quero controlar o volume ou a intensidade, quero ser
desajustada e trôpega. Não quero salvar pedaço nenhum desse coração: Quero que
sangre e corra riscos e prove do sabor da vida.
Vou ser finalmente apenas uma alma
que desiste de ser coesa e sente tanta coisa inexplicável e inexprimível!
Ou…posso apenas engavetar tudo
isso, esse texto e essa emoção.
Mas…não.
Hoje não.
Hoje não.
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