Pocahontas é um antigo desenho da Disney
que mistifica a relação histórica entre o desbravador Jonh Smith e uma índia
quando chega "ao novo mundo". Sei do valor simbólico incorreto
e da ‘romancização’ exacerbada dos fatos históricos, mas, sinceramente? não sei
contar das quantas vezes já assisti Pocahontas. Primeiro, por ser um desenho místico,
cheio de lições e encontros com a mãe natureza, sobre a nossa origem de ser bicho e exercer nossa própria natureza. Ainda menina, chorei pelo amor de
Pocahontas e John, sem entender as difíceis escolhas da indiazinha e os
conflitos que envolviam um amor tão singelo em meio à armas, ambição, medo,
visões de mundo diferentes e o preconceito implícito. Recordo com clareza uma cena em que o Pai de Pocahontas, cacique da aldeia, a levou à beira de enorme rio bipartido e falou sobre as escolhas que fazemos na vida. A conversa foi iniciada com a frase musicada...
"Todo rio tem que escolher que caminho percorrer... quando
escolhe o melhor, longa vida irá viver..."
Naquele momento, havia um pai que aconselhava sua menina a seguir pelos caminhos da conveniência – tão mais lógicos
e fáceis. Aquilo que não traria à sua vida tormento. Mas, haveria tormento
maior do que vivenciar uma história sem amor?e o que essa corajosa indiazinha
fez foi apontar para o caminho do amor,o que lhe deu causas e consequências
que...enfim, você que me lê e já fez essa escolha, bem sabe. Sabe, o final deles não foi o convencional da Disney. Mas, para mim, é um dos melhores contos já produzidos: ali, havia verdade, autenticidade, amor.Paixão! E o mundo, inteiramente diverso e multifacetado, como de fato é.
Pois então.
Por curiosidade, assisti a Pocahontas 2...e chorei! Acabaram com o amor dela por John e Pocahontas terminou civilizada. Foi um fim aceitável e previsível, como as piores histórias! Transformaram Pocahontas, uma princesa índia powhatan*, alma livre e absolutamente conectada à natureza, em uma clássica princesa da Disney (argh). Seu amor por John foi substituído por uma estorinha ‘conveniente. Tudo tão politicamente correto! Para mim, Pocahontas 2 não existe, é uma deformação artística da história original e da minha lembrança de infância sobre a importância de ser gente.
O que me trouxe a pequena epifania...
Sim, é difícil mesmo descobrir qual o melhor caminho. Mas, não podemos deixar que nossas vidas sejam como
Pocahontas 2: Adaptado às necessidades da platéia. Ou a obra-prima chamada
existir também se transformaria em mera deformação artística e viver é muito
mais plural. E, nessa coisa toda, cada um é o autor, o roteirista, o diretor e o personagem principal e o responsável por fazer acontecer!
Bem, a lição do rio é muito particular. Se
você estiver nela, desejo do fundo do coração que encontres com as luzes e a força do amor para te guiar. E pessoas que
te amem e apoiem, para ir à guerra e à paz interna junto com você, enquanto
você realiza sua própria “grande navegação”.
E que seja uma incrível jornada.
E que seja uma incrível jornada.
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