Eu,
que sempre voei em mim
Que converso com planetas e madrugadas
E ganho vida pelas noites enluaradas
E rego plantas, enquanto sinto
Eu: organismo, bicho.
Ser vivo. Trancada. À pão. E à circo
Zoológico particular de algum
alienígena entediado
E também acuada – pois aqui,
A carne viva está cativa,
Nesse pequeno ensaio sobre amor e medo
E não é nenhum segredo
Que chegaram tempos em que se cumprem
as distopias
Livros de história deixam de ser
distantes
Era nova, novos tempos: nova pandemia.
Como um recorte, uma mensagem
De que toda nossa vã tecnologia
Não nos afasta de ser carne
Bicho, organismo vivo
Força que emana efemeridade...
Eu, cativa.
Nós, plantas no aquário.
À espera de uma esperança
- Que se demora a vir do noticiário -
E nesse abecedário particular de dias
(in)contados
Todo mundo (re)descobre mais claramente
Sua própria torpeza, beleza e poesia
Pois, longe do barulho que nos afasta
do ‘interno’
Sobra apenas nós:
A mística do eu, o ‘estranho ao espelho’.
Eu,
Trancada.
Em meu reino:
hospício asséptico
de álcool em gel , luvas
hospício asséptico
de álcool em gel , luvas
e água sanitária
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