...Quando eu era jovem o suficiente para acreditar que as nuvens eram de algodão doce, não dormia à noite, pensando em um jeito de chegar lá. E eram noites incríveis aquelas, regadas a música, lirismo e um bom livro ( tu sabes que só se vai ao céu,amigo, pelas páginas encantadas de um livro ou de um amor).
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Quando eu era jovem o suficiente para acreditar em contos de fadas, podia gastar a vista de tanto ler sabrinas, julias, escondidas dentro de um livro de Stephen Hawking, que era meu jeito de misturar paixão e filosofia, longe de Kafka ou Jane Austen. Hoje brinco com minha própria Júlia e com Ana, e elas sim, sabem renovar minha fé...
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Quando eu era jovem o suficiente, não apertava a mão de quem não apreciava e virava o rosto mas não cumprimentava gente chata, para a vergonha e horror de meus pais, irmãos, tios e amigas...
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Quando eu era jovem, tomava banho no igarapé da fortaleza e depois fazia castelos de argila, que é a areia do nortista - e rola um fuxico que é também a matéria com que Deus nos fez.
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Quando eu era jovem tinha certezas, deitava no asfalto e sentia as gotas de chuva caírem no rosto, não misturava manga com leite nem sob decreto e chamava todas as pessoas mais velhas de "Tio".
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Quando eu era jovem, ligava para meu pai, quando me faziam chorar e às vezes, podia vê-lo aplicar a sua justiça pouco convencional - de onde aprendi a amar anti-heróis.
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Ah! Quando eu era realmente jovem, tinha um plano, um plano mesmo, todo certinho, de vida, um projeto bem 'grandão' a ser executado. Tinha pouca memória, muita ansiedade e a bagagem cheia de certezas.
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Hoje, rabisco lembranças, faço planos menores, sou feliz no agora e ainda acho graça, enquanto revejo e refaço planos e agendas. E cuido com zelo e apreço minha feliz coleção de perguntas.
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