Sempre amei Roseiras. Rosas são flores delicadas, de pétalas aveludas,
cujas cores, parecem desenhos, pintados à mão. Durante muito tempo, fiz
festa para cada rosa que ganhei. Meu pai mesmo, fez questão de fazer suas
flores (Eu e minha irmã), a quem chamava de flores de janeiro e abril, apreciarem o gesto.
Quando fui morar só, antes de ter um sofá, eu tive uma planta. E foi uma festa colocar aquela ‘vinca’ enorme, cor de rosa, na beira
da minha porta.Mas …faltava a minha roseira.
Um dia, em uma quinta calorenta, eu a encontrei. Ela era doce, num tom
rosa pálido e tinha uma única rosa pendendo, feito um pingente: meu imenso amor
de veludo!
A senhorinha sábia da minha barraca preferida de plantas da feira maluca disse que esta era uma roseira especial, tipo argentina. Neste mesmo dia,
comprei uma vinca branca, para dar uma clareada no jardim. E a roseira deu
rosas lindas. Espetaculares! Por um tempo, foi a rainha do baile na minha
pequena varanda. Ficava embaixo da minha janela, para abrir os olhos para o
dia, sempre junto dela.
Depois de aproximadamente um ano e meio, a despeito de todos os meus
cuidados, deu de ressecar. E foi um tal de “salve a roseira do meu jardim”! Para
tanto, cerquei-a de cuidados: melhor terra, melhor adubo, tempo adequado e
quantidade de água certa. Enfim, aquele doce pé de rosa ganhou o infinito.
Senti muito. Confesso que guardei sua última flor, que ressecou tão perfeita,
que fica na minha parede, lembrança da vida que já abrigou. Até hoje,2018, mora comigo.
No meio dessa correria e expectativa, a pequena vinca florescia e aumentava de tamanho,
silenciosa e matreira. Já deu filhinhos, que vez ou outra, dou de presente a
quem está na minha vida e aprecia jardinagemDia desses, um desses filhos foi plantado no mesmo vaso que uma
roseira menina, que havia acabado de ganhar. Não deu outra: a roseira já foi
dormir e o pezinho de vinca é o novo dono do lar.
Dei de gostar de vincas. Gosto das cores, de como dão flor de janeiro
a janeiro, de como recebem qualquer terra e já ficam ainda mais enfeitadas,
agradecidas e agraciadas.
Vejo a lua e os fins de tarde através delas, inclusive. Hoje, moram
comigo três brancas, duas cor de rosa e uma vermelha. São as damas do jardim.
Com o tempo, deixei de sentir falta das rosas. Ainda as amo e tenho
uma delas no jardim, nesse momento. Mas sou mesmo grata às vincas, que há mais
de cinco anos trazem tanta cor ao meu pequeno reino. Hoje, em 2023, fazem 12 anos que sou a mais profunda apreciadora de seu desabrochar fácil e do seu cultivo natural e sem excessos sofríveis.
Penso que a vida e o amor são mais ou menos assim, também: Você planta de várias formas, do mais intenso
e exótico, ao simples e natural, mas florescem mesmo os amores simples. E veja: há muita dedicação mútua, aceitação das necessidades e perseverança, pois há meses em que ressecam e parecem quase definhar, então preciso cortar seus galhos. Depois renascem, profusão de pequenos botõeszinhos bondosos.
As vincas ensinam que a vida precisa ser macia e encantada, mas também real e possível.
As vincas ensinam que a vida precisa ser macia e encantada, mas também real e possível.
E isso não está errado, nem é mera coincidência.
Cada vez que rego as plantas no meu jardim, vejo um recado do infinito!
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