segunda-feira, 12 de maio de 2025

Identidade



 Complexa e incompleta:
Vivo dos pedaços mal contados de quem fui
Quando ainda não era 'eu'
E na procura do que é meu, caminho.

Tropeço em retalhos
O passado não é uma arte da sessão da tarde
Mas, ainda assim me contaram a estorinha da carochinha
de como Cabral descobriu o Brasil...

A pele branca que esconde a latência de ser filha do sol do equador
O tempo complexo: outrora dominante, noutras dominador*
Ainda choro pelo que ainda não sou
- Descubro-me em camadas, na fala e nos silêncios irmãos...

Somos desiguais e iguais, em uma estranha simbiologia!
Corpos e mentes tão diversos, na procura das semelhanças -dispersos
Vivo a dor de querer curar feridas que não causei
Mas sei que usar privilégios para revolucionar é um jeito de transgredir

- A primeira vez que  ouvi Emicida dizer: REVIDE -  me arrepiei
Pois existe um caminho a seguir!

Afinal, já disse Bel 
'Eu sou pessoa/essa é minha canoa' - Ainda que doa
Então, o lance é  questionar, Buscar, procurar...Curar!
E Anitelli lança a 'braba':  'nossa sina é se ensinar'!
- Pego minha pequena canoa e navego...

É, ainda não estou completa, mas não estou perdida
Pelo contrário, cada vez mais acolhida
Procurei minha tribo e encontrei pedaços em cada esquina
E, enquanto não mudamos a realidade
Construímos pontes 

Pelo poder da prosa-arte-poesia!

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*Esse poema surgiu de um poema. De um diálogo com  'Intersecções', da Lara Utzig, publicado no livro 'Disforia de Gênesis' (LEIA, LEIAAAA, LEIAAA, faça essa gentileza ao seu espírito) - que foi debatido hoje em minha sala de aula da disciplina de Direitos Humanos, sob o contexto de 'Vulneráveis e Minorias' desse nosso imenso país.

E se adensou dentro de mim até transbordar porque ainda ontem a dicotomia dominante/dominador surgiu de um amplo debate do livro 'Hibisco Roxo', da Chimamanda Idichie, no clube do livro 'Café com Letras', livro que me deu febre emocional, por suas intensa dor nas complexas camadas, texturas e CORES ... LEIA, LEIA, LEIA.

P.s:O primeiro clipe já me fez chorar mil vezes, em épocas diferentes e por motivos diferentes. Mas a hora da plaquinha 'advogado' hoje me faz derreter em mil partes, por uma daquelas vivências tão particulares da academia.  O Segundo clipe me deu saudades de como poderíamos ter sido diferentes no processo civilizatório se tivéssemos percebido  que 'tudo que nós tem é nós' e confesso que também curou algumas dores em mim. Que ele te alcance.

REVIDE.



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