terça-feira, 25 de setembro de 2018

Da mística do rio em mim



Aos sete anos, eu e o rio ficamos a sós
Pela primeira vez: 
 Fazia sol e o Igarapé da Fortaleza brilhava
A paisagem luzia entre marrom e verde
Meu pai soltou da minha mão e disse:

'Vai,confia na maré...'

Depois disso, fui deseducada de ir com o vento
e ensinada a ir contra todo movimento
Que tenta me levar involuntariamente!
eu, conscientemente, decido meus caminhos.

Foi assim, o encontro do eu-sozinho
e a imensidão da doçura misteriosa marrom
Juntos, fizemos muitas descobertas
sobre a natureza e as coisas que precisam ser vivas,

 líquidas, despertas.

Dei então de achar que era peixe, 
desafiar meu pequeno tamanho
atravessar espaços maiores que meu braço
e, por pouco, quase não me perco em seu leito largo

...fui resgatada da fúria das águas por meu irmão.

Depois disso, reverencio Iara
Peço permissão para entrar em sua casa,
obedeço a força do que é de ser 
Em cada mínima partícula... 

Assim, entendi que mesmo a beleza tem limites
Que toda natureza precisa ser respeitada
E que, a depender da dose, 
A mesma coisa que traz vida

 leva, desertifica ou mata.

Porém, quando tenho medo da imensidão
ou, a pele mais fina pede ao vento proteção
Lembro da voz doce de meu pai, 
Que sopra e diz junto às ondas do Amazonas

Vai, confia na maré...'

#




Lições de meu pai e as marés de equinócio, fazem poesia.

:)


LUZ!

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