quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Estrada! (Para 365 dias)




Iluminada...iluminada...

Brilha a estrada.
É bonita como um fim de tarde
É incerta como um voo de borboleta
Efêmera como a asa de um cometa...

Iluminada...iluminada...

com flores e  tijolos amarelos na calçada!
meus olhos ternos,calmos como a poesia
Viajam no ritmo de interna geografia
contemplam a noite enluarada!

Iluminada!  #


366 dias virão. Deles, eu desejo tantas coisas! Entre eles, que o mundo seja menos voraz: que haja menos violência nesse enorme planeta, mais olhos capazes de alimentar a alma e a fome alheia, que vai de seres humanos à todo tipo de bicho. Eu desejo mais empatia, mais gente capaz de não julgar a religião, a orientação sexual e a escolha de vida de cada um, em cada passo dado. Oro por mim e por cada pequeno ponto de luz que se prepara para, ritualisticamente, virar o ano. Que o ritual gere efeito e que o parto seja de gente que aprenda a conviver, nesse lugar deslumbrante, nessa experiência fantástica chamada existência.
Que o tempo passe devagar para um bom livro ou abraço de amor, que passe rápido nas dores cotidianas, tão capazes de ensinar quanto a alegria. Que perdure nossa fome de ser melhor e nossa vontade de revolucionar. Que tenha música,poesia,aprendizado, sabedoria, sorrisos e aconchego. 

Eu não sou capaz de desejar nada menos a cada um de nós... Que seja iluminado! 

=)

2016!

''É dentro de você 
Que o ano novo
Cochila e espera 
Desde sempre''.


Sou mais de introspecção que retrospecção. Não aprecio particularmente retrospectivas.
Retrospectivas representam que me digam o que devo lembrar ou que fatos são mais relevantes para que volte meu olhar e memória. Aliás, quanto às feitas pela TV (que já assisto pouco), raramente tratam de fatos relevantes. Não querem, de fato, a nossa memória. Não,não. Então 'retalham' o tempo entre a vida de celebridades, peladas fiscais e um aquele mesmo velho 'museu de grandes novidades', que nos torna ''mornos na água que nos cozinha''. 

É a ''indústria do tempo'', utilizada para nos mecanizar.

Mas, não deixo de me espantar com a esperança do ritual de passagem, pois é incrível ver a força (co)movente de um ano novo e a reflexão do quanto somos místicos, ritualísticos : para respirarmos na cela, precisamos de algo que incite a vida a se insurgir, em um tipo de big bang (fogos!) .
É, já disse o poeta: precisamos da divisão do tempo, bálsamo para almas cansadas. Mas, somos também continuidade: os anos velhos e o ano novo se entrelaçam em nós, em um (e) terno  movimento.  Brincamos de dividir o que, na matemática da vida, é acréscimo, porque o ontem e o hoje são ganhos.

Hoje, 2016 cochila suavemente, acorda à meia noite, dentro de nossos corações, como todos os dias acordam suavemente quem somos: filhos da D. Esperança.



A sua bênção, Sr. Tempo! 

2016... "Que seja doce"  
=)




quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Feliz Aniversário, Jesus! (Com a lua tal qual a dona de um bordel)


Ninguém me disse quando nasceste, amigo, então te escrevo hoje e desejo: Feliz aniversário!


Quantos anos alguém com tanto amor suporta carregar? O peso da eternidade?  Senta aqui, ao meu lado. Conta-me como tu andas.  Não quero falar de mim. A humanidade é tão urgente, que esquece de saber como vai você aqui, hoje, alguns mil anos depois. Já viste tanta coisa! Ainda foges, criança, para dormir naquela casinha em que Caeiro te recebia? Tomara que sim.... Tomara que você ainda saia do peso de salvar a humanidade e vá brincar no sarau de poesia com Cecília, Tom, Vinicius, Rubem, Shakespeare, Pessoa e tantos outros. Tomara que tire um dia para vir a terra tomar umas cervejas e ouvir boa música aqui no Amapá, para ver como é bonita a noite do equador. 

Hoje mesmo, que é de lua cheia e ela está 'tal qual a dona de um bordel'. Tantos anos sem ela no teu dia! 

Mas faz outros dias também, não só hoje. Acho que dia desses vou fazer isso e te procurar, disfarçadamente. Tu me dás um sinal, se estiveres?  Senta comigo. Ou, se preferir, senta com os bêbados e malucos da cidade, com a nata dos embriagados e loucos, ouve umas piadas sacanas, ri sem culpa das coisas politicamente incorretas que aqui existem e vê o quanto de bobagem e bondade existe em tudo que eles dizem. Somos abissais e diferentes, mas palhaços, nós, teus irmãos.

Depois, amanhece o dia e vai tomar um banho no Araguari e toma lá outro tipo de batismo. Deixa eu te contar: ele é um rio encantado.


Pega Maria Madalena pela mão, não nega ela da tua história, que quem entender a natureza da tua alma não vai nunca duvidar da tua mensagem pura. 
Mas sim, entender que você amou. E ama!  Pega tua Maria pela mão e dança, lá na frente do Amazonas, e com dois cálices da água do rio-mar , faz vinho. Deve sair uma delícia. Toma um porre com Maria, vê o sol nascer nos cabelos dela, sente como é bonito estar no mundo sem precisar salvá-lo, apenas com a mulher amada na mão, que o amor é mesmo "um cão dos infernos", mas também é celeste e herança tua. Diz a ela que os cabelos vermelhos que lhe couberam bem,segundo a história, são parte da minha ruivice desmedida. Mulher incrível, essa capaz de acolher o anonimato, descendente de reis, que virou prostituta na história só pelo pecado de amar o filho da pureza. 
Mas eu sei, você também perdoa isso. Somos doidos, precisamos acreditar que você não foi tocado para entender que é puro (Que loucos, meu amigo!).

Depois, pega algum desses troncos da orla e vai para uma carpintaria, fazer o que você bem entender. Pergunta a José o que ele gostaria. Dorme aqui em casa, ou na casa de alguém que não te acorde cheio de pedidos ou pompa, só feliz com a tua presença. 

Toma um café preto e vem conhecer o meu jardim. Ele é simples, mas tô enamorada dele,  agora mesmo te escrevo enquanto contemplo a lua deslumbrante e as flores. Coloco almofadas lá e falamos amenidades. Ou só silêncio mesmo, que ''quando estou contigo, estou em paz''.

Não vou brincar de desenho de nuvens contigo, tu ganharias todas! Mas, ei, por ofício da profissão, tu voltas para realizar o natal, aquele natal onde todo mundo vai às comprar para demonstrar amor, onde um papai noel gordo chama atenção mais que você e todos se atrofiam em filas de supermercado.
Ficas lá, com a paciência de quem espalha mensagens de amor a surdos. Ou então, dá outra fugidinha e fica em silêncio, com São Francisco, perto de seres perfeitos. Se tu puderes vir me dar um abraço (nossa, como te peço atenção!), vou ficar tão feliz. A única coisa que faço questão nesse natal é sentir que, de fato, o teu aniversário foi comemorado. Eu vou te brindar e abraçar bem na passagem, prometo, meu amigo.
Comemora Jesus, com as coisas boas que a humanidade tem e são herança tua, sem o peso de salvar a mais ninguém, deixa que somos adultos o suficientes, faz isso por ti no teu aniversário. Começa hoje, espera dia certo não.


" Sorria, e saiba do que eu sei: Eu te amo"



Muito obrigada por todas as bênçãos.


(* Publicação antiga, com acréscimos)

Ele!



Chove imaginariamente
Enquanto ele abre
cartinhas a papai noel...

Sorri, criança que nasce
- acabou de nascer -
Agorinha.

Tem um raro, sagrado
Especial coração
E a pureza exemplar
De um irmão...

Brinca, não em uma cruz
Agora é o rei de uma manjedoura
O filho da bondade 
luz da humanidade vindoura...#


Bom dia!  Jesus nasce amanhã! e hoje, antes de ontem, ano que vem.
Nasce até quando o mundo for melhor, quando nós formos melhores, mas também agora, enquanto somos processo. 


Um dia de paz. 





quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Das coisas mais que únicas

Então, vem o Natal. Além das felicitações tradicionais, quero desejar-lhes,queridos meus, um verdadeiro encontro com as coisas mais que únicas...

A predisposição em sorrir, acreditar na vida e fazer o bem . No compartilhar momentos: o abraço, a troca de afeto familiar...da casa que passa a ser um LAR,pelo poder dos laços de amor, este sim, mais que único. O meu desejo é que suas luzes sejam mais que dos enfeites. QUE SEJA O SEU NATAL UM ENCONTRO COM AS COISAS MAIS QUE ÚNICAS...

... Com o sorriso e o cheiro daqueles que são as alegrias do seu dia...
....Com o perdão dado e recebido pelas falhas que nós, no legítimo exercício da natureza humana, cometemos...
...pela disposição em doar, a quem for, a pura e simples bondade...
...Pelo encontro de olhares que conversam...
...Pelo momento partilhado com seus amados e seus sorrisos e lágrimas diários, refletidos na intimidade e nas brincadeiras que só quem convive sabe... o calor do amor, tão peculiar,único...e barulhento! Porque isto é uma família (e a minha não tem volume, rs).
...com a fé, que é tão particular e necessária, na estrada da vida.

Enfim! que sua festa seja sim uma REUNIÃO. Reunião de gente imperfeita, que se ama e segue os caminhos do fazer bem. Sorrir sincero,perdoar...AMAR! - O supremo dom que o aniversariante nos ensinou.

Haaaa!!! Ao aniversariante? Eu digo o mesmo que todos os dias, com o amor ainda mais renovado:
MINHA VIDA É TUA. EU TE AMO.MUITO OBRIGADA!



*Texto de 2011, mas publicado tradicionalmente, na data de HOJE.

=)

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Com Jesus, tenho altos papos!


Com Jesus, tenho altos papos, mas como é ele é mesmo muito meu chapa, converso com ele na idade dos 30,33, época em que a humanidade já o conhecia.  Como releio textos antigos publicados em mesmas datas (porque se até Facebook tem memória, imagina eu), encontrei esse aqui, sobre o menino Jesus,  de um ano atrás: 

Sempre Natal

Nascido de um lar humilde, trinta anos de história desconhecida, ele cresceu em meio à natureza e dela tirou seu oficio. Três reis souberam que havia nascido o filho da profecia, e sabiam da inteireza daquele menino, que ainda falaria ao mundo de amor e todos os milagres que produz ser manso e amado.
Ele teve a oportunidade de viver sem olhares sobre sua pureza, até o tempo de ter matura idade. Muito amado! Filho, irmão...ele cresceu. Torço para que aquela parte contada por Saramago tenha existido, e ele tenha vivido o amor em vida,naquela plenitude,porque a sua pureza merecia ter deste mundo todo exercício de amor, essa palavra tão plural, que ele simboliza e exalou. 
Puro de alma, de vida, de coração, aceitou do pai a missão de caminhar pelo mundo e falar em amor, concórdia,perdão, humildade,caridade, fé e todas aquelas coisas que precisamos aprender no caminhar da evolução. Mas era preciso muitas parábolas ecoarem em nossos ouvidos para aprendermos: A não atirar pedras, a dividir o pão, a crer na multiplicação, a manter a calma em meio à tempestade, mesmo que o barco esteja em mares agitados, a perdoar, na essência, que é libertar o outro do ranço da mágoa, a estar em meio ao deserto e perceber que é lá que se precisava estar para aprender consigo e com o Pai aquilo que se precisa....ha! são tantas as vivências e parábolas que ele utilizou, que foi chamado de "O primeiro psicólogo que já existiu".
Penso nele menino todos os dias, mas como  Caeiro conta, aquele que ligeiramente brinca e dorme e é feliz. Penso também que esse menino cresce e segura nas mãos desejadas, enquanto auxilia-nos na evolução, com ajuda de bondosas almas, filho do Deus de Baruch de Espinoza ou Spinoza. 
Desvirtuaram sua pureza, sua história recontada, pesquisada, questionada!  ele é mistério a ser revelado, porque Paulo já dizia "Quando eu era menino,falava como menino, sentia como menino", e ainda temos olhos,fala e sentidos de menino frente à evolução.

Mas, não é preciso muito para saber de Jesus. É preciso exercitar aquela bondade daquele ser, que nasceu espiritualidade fecunda, perfeita...viveu em simplicidade, e morreu perdoando a humanidade....para nela renascer. Todos os dias!


"(...)Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza.
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro (...)"
(Caeiro, "VIII", in "Poesia", p.37 a 43)

Singular





O instante fez-me um convite a aprender a ser singular, essa difícil missão de ser um. Não, não vou falar em solidão. A solidão é uma palavrinha estranha, que parece subtrair até a mim da minha presença. Quando me sinto só, não estou em lugar algum, não me faço companhia, não alcanço minha dimensão como ser, individual.

Vou falar em ser singular, que é a condição de ser única ao meu redor, de me fazer companhia e crescer ao enfrentar as muitas que sou e as que quero que fiquem nesse enorme hotel que habita tanta alma. É difícil ser singular! Requer a força de olhar para mim, não só a imagem que reflete no espelho ou as qualidades intrínsecas que formam como ser humano. Mas principalmente os defeitos e condições que limitam minha estrutura.

Quando sou singular, acolho meu amor por poesia, filmes, por literatura e cultura em geral e tenho paciência de acrescer novas possibilidades de conhecimento, como gibis, paixão renovada por um anjo que vive em minha estrada, na forma de amiga. Ou novas músicas, num eterno viajar e descobrir bossa nova e rock and roll, MPB e MPA, onde surfo minhas ondas sonoras.

Singular, sou criativa, lúdica, faço poesias, escrevo crônicas, aprendo coisas novas, como pintar – embora seja um embrião em forma de pintora. Rs.

Quando sou singular, convido a calma e a ansiedade a sentarem e juntas, pedirem desculpa uma à outra e coabitarem com mais harmonia. Convido e coragem e o medo a se olharem longamente, embora o medo abaixe o olhar primeiro. Convido a discórdia a perder a força e dar as mãos ao perdão. Convido a saudade e a ausência a acolherem uma à outra. Convido a eternidade e o agora a terem paciência comigo, que sou tão efêmera e perene.

Enfim, tenho espaço, o eu singular. Estou feliz com o ser humano que Deus sustenta em meu coração, mas peço a ele para que, neste movimento, seja ainda melhor, porque vim para cá aprender. Nesse momento, em que tudo é tão próprio, sonhos, verdades, vontades se misturam e fazem uma colcha de retalhos! E vejo que meu colorido espaço precisa de remendos em alguns lugares...e por isso, começo.

Eu não sei quando você que me lê vai encontrar com esse convite, o de ser singular. O de olhar para si e perceber – se . Eu não sei se te conheço, para oferecer minha amizade, quando fores convidado (a) a ser singular, para que saibas que ainda assim, somos plurais.

Mas sei que desejo que seja um passeio feliz por você. 

Que seja bem vivenciado o seu eu singular. Que o instante de ser plural chegue, se você acreditar nele. Eu acredito, afinal,  já sou plural, já tenho amores eternos, já vivo, modifico, cresço ao lado das minhas pessoas, que também estão em movimento, nunca iguais, sempre amadas, porque amo suas essências enquanto elas estão no “parto” de suas próprias descobertas.


Luz em nossa caminhada!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

A terra vista da Lua



Vista da lua
a terra é tão bonita...
Distante, esquisita
Silenciosa no espaço...

Colorida!
De um tipo de azul
beleza  deslumbrante
 emana vida...

Lá, morada de gigantes
E das coisas pequeninas
De batalhas tão diversas!
sinfonias dispersas...

Luzes e desejos
movimento,leveza e gravidade
morada de incríveis sonhadores
desejos de felicidade...#




A terra, vista da lua, é linda!





Então, é Natal! (II)



E,novamente, 365 dias se passam e nasce Jesus novamente.
Todos os anos, renasce!

Escrever algo inédito sobre a data do qual mais de milhares de escritores, cronistas, poetas e toda sorte de ser respirante já se manifestou, seria uma enorme pretensão, não é mesmo? Mas, como o aluanaodorme é é passional e clichê, essas coisas adoravelmente piegas que o coração ama, inicio com o mais do mesmo para quem sabe acrescentar!

Lembro-me do natal como momento de celebração da minha enorme família, sempre espalhada em algum canto do globo, feliz em se rever e celebrar, apesar de alguns laços mal atados. Das comidas específicas, feitas por minha mãe e tia, e as minhas pessoas, aquelas que meu olhar encontrou desde cedo neste caminhar. Recorda também a inesquecível  saudade do meu pai, homem que me amou com a simbologia que lhe foi ensinado, e que lutou para honrar o título de pai - Queria você aqui, Professor!

Natal é a afirmação de que, em algum momento, independente de data específica( pois há registros que Ele nasceu em Maio, alguns anos a.C – que ironia fina) , nasceu um homem que, na perfeição de sua existência, falou em amor e por ele viveu, com sua pureza extrema. Esse homem, cujo meu dialeto chama de JESUS, às vezes é substituído pela imagem de Noel, ou São Nicolau, ser que bondosamente distribuía sacos de ouro aos necessitados na simbólica data que viveremos, o que acabou por ser desvirtuado pela sociedade do consumo em presentes, que simbolizam este amor-renascimento, já que temos tanta dificuldade em falar de caridade, esta sim, a verdadeira mensagem.

Bem, não nego que gosto de presentear, e nesse sentido, falo da tradição de comprar “mimos” às nossas pessoas próximas, mas não como simbolismo de “amor”, o que sinceramente, nem de longe pode adentrar no significado de amar, mas sim porque, além de culturalmente condicionada, acho lindo olhar vitrines e imaginar o que será que poderia fazer o mundo de quem amo mais feliz.

Mas também gosto de pensar no amor que Jesus ensinou, transmutado em caridade, olhar que não pode ser refletido sobre o outro somente em épocas específicas, porque a sede e a fome do mundo não tem calendário. A identificação da humanidade entre si anda cada vez mais escassa, e não estamos falando apenas na faixa de gaza ou nas linhas vermelhas da vida, mas, no mínimo existencial, como o próximo, ainda que o mais próximo de nós.

É tempo onde a cidade se ilumina com as luzes coloridas que representam o brilho da estrela de Davi, que prenunciou o nascimento do grande espírito de bondade, confundidos com a tradição da árvore de Natal e neve, já relacionada aos pinheiros de São Nicolau.

Também é um tempo onde, inevitavelmente, realizamos a chamada “autorreflexão”, tão em moda nesses períodos e não menos digna por isso, afinal, tudo que de alguma maneira faz luz em nossa evolução é válido. 

Essa nostalgia do ontem, permeado pela tradição, as luzes, a troca afetuosa, a implícita mudança de comportamento na humanidade, o amor ao exercitar a palavra de Cristo, a vontade de fazer o bem, o brilho das luzes, da lua, da chuva...nossa! Como é bonito o Natal.
E dirão os pessimistas: Logo passa, é apenas uma data comercial. Mas, olha esse clima nublado! ele é comercial? Olha aquele menino na manjedoura! ele não é comercial.

Até porque, 'comercial' é propaganda, pode ser mercantilizada, e nesse sentido, a maioria das 'datas comemorativas' o são. Mas a magia só é vista e sentida por quem, abençoado pelo amor supremo que conteve a mensagem de uma vida que nasceu há dois mil anos (ou mais) compreende que a lógica verdadeira do mundo é amar.

E a incrível missão.

Um Feliz Natal.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Extraordinário







Tenho tempo
Para ver o sol brilhar
Ir à feira maluca conversar
Com as sábias senhoras das florestas
Essas coisas bem singelas...

Tenho tempo
Para as bênçãos mais sutis
Aquelas preces pequenas
Que deixam a vida mais amena...

Tenho tempo
Pra ler versos nos muros das ruas
Conhecer uma nova canção
Ouvir Belchior, depois sair na contramão...

Tenho tempo
Para olhar o rio vazante e preamar
Com as estrelas conversar
Pequenas infinitudes do milagre
que é ser...

Tenho tempo
Para me acolher e acolher a vida
poesia que desalinha, ritmo distópico e vário...
é que meu coração é um bicho selvagem
Só se alimenta do extraordinário! #

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Todo Dezembro chove em Macapá



Bonita é essa chuva
Que todo dezembro cai,
Poesia se enfeita e sai
Pra dançar com as águas no jardim...

Porque vida é assim:
Persistente na beleza
E, por sutil delicadeza
faz nascer...

Um dia gentil!
Com ares de cinza no céu
E até o senhor do pincel
Contempla o amazonas...

Cheiros acrescem,
o ar se enfeita de perfume
e quase como uma oração
 a chuva desce e beija o chão...#

Um dia gentil, hoje.

Luz!

(Ou escuridão, sei lá,rs)






quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Memórias


Amo cheiro de chuva,mesmo quando não chove!
Aquele prenúncio que vem acompanhado de ventania, movimento.
Certos  barulho me aprazem (Como alguns irritam, ex: mastigação). Mas, instrumental de música parece me contar uma coisa particularmente secreta. O instrumental de uma canção é uma coisa tão forte e tocante! Conversa.
Sou louca por cheiro de livro e confesso que entro em sebos com a magia de quem adentra um território mítico, secreto, uma máquina do tempo.
Ganhava muitos livros no Natal, porque filha de professor tem a obrigação de conhecer o dicionário intergalático de livros (Obrigada por me exigir,pai! rs).
Amei as coleções juvenis como a série vaga-lume. Mas lia também Aghata, Hitchcock, literatura nacional como "Moreninha","Senhora", " Memórias Póstumas de Braz-Cubas". E gibis, coisa fina como "Urtigão", um caipira maravilhoso que me ensinou o poder da simplicidade da leitura! Ao contrário do que hoje é comum, li muitos livros antes do filme, a exemplo do "O exorcista", na época, frisson da meninada. Mas saía pela tangente com Kafka e Cecília Meireles,entre outros poetas e malucos, tudo muito entremeado. 
Tenho a impressão de estar no lugar e circunstância que comprei o livro, toda vez que releio algum da estante.  Gosto de dedicatórias que não são para mim, aquelas antigas, que ficam em livros velhos e contam sempre que outras vidas se interligaram por aquela literatura. Também isso me apraz em canções antigas, a ideia de que a humanidade busca comunicar-se, aqui e ontem, quando as ruas eram diferentes. Que outras pessoas, amores,casais, desenharam outras paisagens debaixo de um mesmo território.

Gosto de olhar o céu, porque parece sempre diferente, embora azul e dócil. Recordo que o céu da minha infância tinha mais estrelas, porque na minha cidadezinha, a iluminação era muito inferior à de hoje. Então, à noite, para nos divertir, meu tio apontava constelações para aquela meninada da rua empoeirada, e por ele, tanta poesia também nasceu!
Aprendi a amar fotografias mais recentemente, porque embora ache que a vida é linda assim, "gifada", em movimento, ela também é bonita ali, estática, presa. É como se eu passasse uma rasteira no tempo e dissesse: Ei, olha o que eu tenho! ainda é,embora não esteja aqui. 
O mesmo sinto com canções que  recordam quem sou. Que me conjugam e conjugam a história que Deus me presenteou -E  porque Ele é muito meu chapa, tenho agora uma playlist sentimental tão linda! Poesia que dança comigo minha história, meu relicário emocional em som.
Identidade-Memória andam de mãos dadas: só posso ser quando guardo minhas pequenas coisinhas comigo. "O que não cabe na dispensa" (Ou seja, o indispensável) Literária,sentimental,emocional, musical.
Gosto de saber que tudo isso compõe o  pluriverso que me constitui.  E que dentro disso tudo, trago comigo os melhores livros, os melhores perfumes, as melhores canções, e mais! O melhor das minhas pessoas: seu amor.
Que transformo em oração, porque esse ritual ancestral de encontro com o infinito inexplicável,  aprendi também desde muito cedo, quando ainda nem sabia bem falar com o querido Senhor do Pincel, ou "a força", ou qualquer outro nome que use para morar dentro de alguém...

( E que ele sempre esteja conosco!)




quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Maré



A minha mansa maré
Turbulenta, quente em afeto
A minha louca alma
coração sem calma...

Fragilidade que se desfaz nos dedos
E se constrói em força!
Moça,  filha de pescador
Fruto de um bruto amor...

Recebo a fé no mundo
Em bênção:  mãe- poesia!
E a maior alegria...é ser
Menina e milagre...

Que se refaz...

Forma que ainda brinca 
De ser fogo e suave criança
Conta estrelas, desafia a geografia
...e viaja nas ondas suaves da magia! #


Luz!

(Ou escuridão!)  



=)




Arte!





É arte! 
Dedilhar a canção da vida
Brincar com a sorte - Roda-gigante!
É mesmo tão grande...
 É preciso suporte. 
Suporte!

Mas, no palco da emoção
Só é pleno quem sabe ser singular
A dança da solidão ensina 
faz suaves rimas
acomoda e aquece o coração
delicada bolha de sabão!...

 e só é bom tocar o violão da alma 
 com a canção do afeto 
que é tão  doce, clichê  e antiga
quinquilharia de mercearia, 
artigo lento, tão na contramão
Só vê beleza na emoção! #



E o meu desejo,para mim e para você que me lê é: Que o mundo nunca roube a sua fé no lúdico do amor, na incrível arte que ele é, no quão é além de tudo que é racional. Que ele te mantenha a fé de que é bom, doce, vívido e um profundo encontro com nossas próprias almas.
E que isso seja capaz de manter a sua própria ternura acesa.

Luz!

O problema




Sou um grande problema!
Cheia de hipóteses,premissas
Umas tantas alegrias
somam e formam o teorema.

Mas, por favor, não me entenda.
Não seria bom para ninguém
Sou verdades para além de mim
Não descobri tudo, enfim.

Canto e brinco como criança
Amo de um jeito estranho 
- guardo as perdas e ganhos-
Mas sou dona desse ser abstrato
Que sorri para mim no espelho : Retrato.

É de somas que me construo
De avessos em avessos nasce a equação
A estranheza e a ironia que vão na contramão
E se me perguntares, confesso:
Ainda não sei o resultado final deste verso.

#


Depois de reler o maravilhoso poema de Martha Medeiros, "Acho que não sou daqui", do livro "Poesia Reunida", resolvi explicar o meu lado (pelo menos o que entendo de mim). Mas, ei,menina no espelho, não me entenda!  "Que a razão é uma equação de matemática, tira a prática de sermos um pouco mais".


Então, LUZ!

(Ou escuridão,rs)

=)





terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Perhaps Love!



Que o dia seja mais que iluminado, que ele seja...feliz!
E "perhaps love"... seja tudo isso aí junto.

=)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015


A caminhada


A estrada
é de tijolos amarelos
com placas indicativas
mal pintadas e poídas
só pra confundir a direção...

Sigo, 
por força e teimosia
Deslumbrada ou desligada
ando só porque é só minha
A caminhada...

Mas, sorrio.
Porque há tanta força
e uma infinita fé de ser feliz...
E tento não deixar nem cicatriz
nas linhas pontilhadas...

Mais adulta e calma
salvei a alma, ainda é alucinada
por arte, delicadeza, paisagem
Sem perder os detalhes da vida
esta incrível viagem! #




"Corre e vem dizer, que o sol vem trazer...bom dia"

domingo, 13 de dezembro de 2015

Meu Cantor Favorito Sumiu no Mapa - (Parte IV)

Fonte:http://oferrao.atarde.uol.com.br/?p=1778
Meu cantor favorito sumiu no mapa.   E, por mais um ano, conseguiu não ser sabido pelo mundo!

É, não foi coisa de avião na Malásia. Foi mais triste (e feliz!) : Cansou do mundo. Da tragédia de sentir em um mundo anestesiado! Aliás,  As melhores pessoas que não conheci se entristeceram ou foram feridas com essa dureza toda que a tudo ronda: Lennon, Renato, Cazuza...tanta gente! Isso sem falar na geração dos 27 anos.Enfim... nunca termina a lista, porque este ano já ganhou mais alguns.
É que o mundo não é escola. E, se parece uma penitenciária, a responsabilidade é coletiva. Mas, para cada um, é escola interna. E, se 'tem gente de verdade', falta também. Mas, a minha, "é talvez igual à tua": sou apaixonadamente violenta no sentir. Tenho indignações e latências que quase não cabem em mim! Como não caberiam neste texto.São tempos mínimos para quem tem um infinito dentro de si .

Mas, voltemos à questão: meu cantor favorito sumiu do mapa.

Não quis mais ser produto. Desistiu, desligou o botão das 'importâncias'. Ou, quem sabe, ligou o ''das verdadeiras importâncias". Chamam-no de pródigo, de louco, de endividado. Mas, poesia não se comercializa, senhores!  poesia come poesia. Não come cédulas, não engole células. Converso com ele às manhãs de domingo e nos dias mais duros e mais felizes. Hoje mesmo, mostrou uma canção antiga, pouco conhecida, que estou encantada. Sempre digo: '' Obrigada e não volte! Only you sabe ser".
O legal, o incrível, o admirável nisso tudo é: ele não morreu. Não se matou e nem foi morto pela realidade: abriu a porta e foi atrás de pasárgada, o universo paralelo dos poetas. Não desistiu da vida! Essa coisa bonita, que tem sol, chuva,arte, som,poema, tanto instrumental (como suas canções) e sensações! Simplesmente pegou a mulher amada pela mão e (puf!) sumiu. Deixou a profundidade de lado e foi viver a paixão morando na filosofia!

E a vontade? que siga o seu caminho, ande por onde o sol nasce e mantenha a certeza de que, ainda daqui, mesmo alucinadamente, tem muita gente que também não desiste de ser! E uma hora, pasárgada será pequena para nós todos, os capazes de sentir, os capazes de entender que a vida...
( Porque além de Pessoa, John, há Bukowski em Belchior. Que o diga:  "Vida, eu quero me queimar no seu fogo sincero" )   =)