terça-feira, 31 de outubro de 2023

Ensaios sobre a Bruxa

 


Queime essa Bruxa

Vai: Acende teu fogo

Coloca o dedo no meu coração

Incendia.

Que a alma agora, vive cheia

Dessa vontade de se amostrar,

Amazonas afora...


O mundo lá fora, só vejo de uma bela janela agora,

Querido.


Chega ciente: somos todos pecadores

No insano tribunal da vida santa

Afinal, não se importa tanto

Voa. Canta.

Me mostra tuas cores, eu não sou nada normal..


Mas a minha epistemologia é simples:

Não gosto do banal...


Sine Cera, embora goste de velas

Cheiros, aromas, temperos

Tudo que me recorde que o quanto a vida é calorosamente provável

E até mesmo de improváveis

- Isso, talvez, até mais!


Me dá um pouco de tua paz pra minha aceleração

Compartilha tua liquidez com essa chama acesa no meu coração...


Conversa comigo, me conta bobagens

A melhor coisa do mundo é intimidade

Com quem a gente partilha não conveniências

Mas cheiros, gostos, essências

Eu tenho uma história longa pra contar...


Vai comigo, sou mais de Amazonas

Que de água do mar.


Me recebe inteira: com todas as elocubrações!

Sou de palavra longa, mas também de boa oração

Nem tão boa menina:  não me esquadrinha e analisa:

Frágil e falha que sou, que restaria de mim?

Não me aquece além do que deveria, deixa eu me contar pra ti

Faz o verbo 'poesia' se acender, enfim...

 




quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Percebidos!

 Eu sou apaixonada por viver, bem
Não tem tristeza tão tamanha que eu não anoiteça
Deixe no sobrado do coração
Como uma memória inexata de um impreciso dicionário
De onde não retornar,
 
- Descobri que nada de existir é sobre 'chegar' - 

Como Clarice...minha 'função de viver' é voraz
Vai comigo em uma praça, passeia distraído
Entre a flor, a chuva no asfalto e o casal apaixonado:
vou elocubrar! vou distrair e enamorar
 
- Passeia, me preenche sabendo que já estou cheia
Mas quero sempre mais, afinal, a função do big bang é a expansão ...

Vamos encher os olhos de lágrimas ou tomar um vinho
Qualquer coisa sem sentido que acalore o instante...
Queimando o carbono que me habita, meus pés alcançam o espaço:
Vivo de alimentar devagarinho esse calor
Eu assusto um pouco, bem sei -  Mas quem não?

Viver nesse universo não é coisa de Crusoé
A gente precisa riscar o espaço da geometria do outro
Estender a mão para quem faz  sentir e não para quem faz sentido!
Arriscar, formar laços, partilhar o coração
Nesse mundo de eles percebidos...


#

Percebidos pela lei deste poema: Que se reconhece pelos sentidos, principalmente o 6°. :)
De uma leitura maravilhosa de um livro, o 'Direito Quântico', que mais que sobre direito, é sobre (ser).

Luz!

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

(Qualific)Ação!


 

Nem concretista, nem burocrata
Nem bossa nova, nem velha prata da casa
Nem melancolia, nem parnasianismo
Nem uma coisa, nem outra:

 Avida não explica nada, meu bem: 
Nem eu! - Movimento...

Mas...se quiseres saber,

Bora pegar em uma maçã, sentir o cheiro que vem dela
Vamos à repartição, dividir o tempo em querelas
Vamos tomar um porre, chorar um amazonas
Ou curtir a beleza na natureza

Vamos fazer tudo e viver o todo: Sentir o gosto
Perceber o Ser, deixar estar
Viver de verdade
Sem teorizar:  
Velejar que nem loucos,

Amazonas rumo ao mar...

Bora pichar um muro: fora todos!
Vamos chamar marcianos e brincar de redescobrir o Brasil
Quem sabe a gente invente um plano
E descubra um lugar menos hostil...

No final, somos todos não qualificáveis 
- quiçá, com res-salvas
Coisas que se perdem,
Coisas que ficam no meio do caminho

E aquelas que nos compõe:
Sim, do verbo 'cancionar'
Entre elos inexatos, simbora!
Vamos viver o verbo amar.

Vamos parar num hospício, dormir de conchinha
Tomar um banho de rio ou sentir o calor do asfalto
Gozar de um jeito novo  em cada coisa
Viver o possível: o profano e o sagrado

Perceber que o caos é bom: dele nasceu o planeta
Vê-se na primavera tímida que nasce, aqui no quintal
É tudo tão perfeito e tão inexplicável
Nem é mesmo tão saudável viver de perguntar

Não matematiza nada: os físicos do espaço
São os próprios astros.
Tem coisa mais perfeita?
Precisa de mais explicação?

Se quiser saber o que é calor, meu bem
Não pergunta, estende a mão...

Senta comigo na terra, acende tua luz na minha
Vamos procurar um farol
Beber o fim de tarde
Buscar a janta pelo nosso anzol...

Depois, na hora de explicar
Vamos comprovar à banca 
- Os donos da porra toda-
O quanto a vida é mesmo tão incrível

E a gente,  inqualificável.
Afinal, ninguém nos ensinou o roteiro
É tudo quântico 
E não quantificável

#

P.s: Foi uma brincadeirinha, UNIVERSO. A gente é muito qualificável e aprovável ahiuhaiuhaiuhauihaiuhiauhaiu. A gente é muitooooooo A-PROVÁVEL!

terça-feira, 17 de outubro de 2023

Conversas de um sonho bom




 Bote sua fé no dia, menina
Sorria!
Vamos à vida fazer acontecer.
O sol vem, é a beleza do dia a dia
Das coisas que se modelam por nossas mãos e laços
Avança esquina, faz teu passo...

Não retira nada de ninguém
Não se permita mais o inverso
Presta tua conta conta com o Universo
A cada anoitecer...pra dormir bem...

Dança...canta
Constrói laços desinteressados
De gente corajosa, que está lá fora, na luta
Mas que dentro do espaço do abraço

Troca calor, não cifra.

Vende só o que é se ser vendido: Trabalho
- Eu sei, o mundo anda tão complicado-
Fica mais simples quando a gente vê a linha pontilhada
Aquele lugar que chamamos de 'limite de jornada'

Mas nem mesmo isso é igual: ponto arquimediano!
A asa da borboleta bate, encontramos com quem somos
Nessas nossas escolhas simples do cotidiano:
Pode parecer simples,  pode parecer estranho

Até nisso, ah! o que fazer?
Só ajustar a coluna e continuar a remar
Tem coisas que não demandam de nós
Apenas não é o nosso aprendizado

Todo mundo tem sua própria piração pra curtir 
Ou resolver..
A vida é  saborosamente à la carte:
Mas a digestão vem:  faz tua parte...

Que loucura! respira,
Enlouquece sim...pira nas pernas de um bom amor
Quando a lua abrir a porta para o sol
Entre as páginas de um livro...

Ou,
Dá uma virada de página, se preciso

Não perde o senso do certo...
Por ver acontecer, pode ser uma estrada que não saibas voltar
Mas não julga quem decidir ir:
Porque é pequeno, embora pareça gigante!

A vida é efêmera e frágil, se quebra num instante
Não tem 'modo', direção, bula, nem controle remoto
E cada um que sabe do seu próprio corre...
Não somos enredos, é sangue, suor e pele: mesmo.

Veja que linda tecnologia: Pura realidade, 
A coisa mais chique: é inter-ativa!
Quanticamente misturável
Lá vem o sol dizer...


#


Um dia de felicidade, paz e poesia. LUZ!


Paralelismo Sentimental Viciante (Devaneio do Boteco da Lua)








Foi em uma das muitas madrugadas em que estou de papo com Bel. Ouvi esta versão antiga , interpretada pela Vanusa, da canção "Paralelas'', com a frase 

" E as borboletas do que fui pousam demais
Por entre as flores do asfalto em que tu vais..."

Fiquei curiosa  e quis compreender o motivo de trecho da canção ter sido modificado. Primeiro, porque o poema ganha ainda mais sentido, com o trecho retirado, que aliás, poderia ter sido perfeitamente agregado ao verso que o precedeu "Como é perversa a juventude do meu coração / Que só entende o que é cruel / e o que é paixão".


Explico. É que, "'Paralelas'', para mim, sempre evocou o inevitável sentimento de solidão de Belchior, frente aos conceitos propagados nas grandes cidades, o da 'multiplicação', 'riqueza', assim como o registro do eu lírico do poeta, em contraposição a estes conceitos, esvaziados de emoção.

Parecia-me uma declaração de Bel sobre o peso do capital e seu preço sobre as relações afetivas. Bom, acontece que,  com o ''novo'' verso em mente, tive a curiosidade de perguntar o porque 'as paralelas dos pneus na água das ruas são duas estradas nuas...' e porque a música ganhou o título 'Paralelas'.

Como sabemos, nosso poeta misturava conceitos físicos, filosóficos, astrológicos, poéticos e sim, matemáticos e geométricos para falar de emoção. Então, eis um conceito geométrico simples de 'Paralelas':

Uma Reta é uma sucessão infinita de pontos, situados todos em uma mesma direção, no entanto, essa sucessão se caracteriza por ser contínua e indefinida, portanto, uma reta não tem nem inicio nem fim; junto ao plano e ao ponto, a reta é um dos elementos geométricos fundamentais. E a paralela é um adjetivo empregado para referir-se àquilo que é semelhante, correspondente, ou que já foi desenvolvido em um mesmo tempo.
Então, as retas paralelas são aquelas retas encontradas em um mesmo plano, apresentam a mesma inclinação e não apresentam nenhum ponto em comum; isto significa que não se cruzam, nem se tocam e nem sequer cruzam suas prolongações. Um dos exemplos mais populares é o das vias de um trem. (Artigo http://queconceito.com.br/retas-paralelas)

Foi então que compreendi que Belchior falou  de solidão, do preço cobrado pelos conceitos moderníssimos das grandes capitais, mas também, de si e de um outro alguém, um sentimento pessoal, comparando-os à linhas paralelas, que embora similares, por serem retas, não se cruzavam. 

A letra fez mais sentido e a solidão do poeta,também. Mesmo a canção teve seu momento de íntima verdade do emocional do amor que mora dentro daquela canção: "Dentro do carro/ Sobre o trevo/ A cem por hora, ó meu amor/ Só tens agora os carinhos do motor.../ E no escritório em que eu trabalho / E fico rico/ Quanto mais eu multiplico/ Diminui o meu amor..."



Cada uma das retas vivenciava sua própria aceleração, diferenciadas, parecidas, paralelas. De refletir sobre isso, acabei por relacionar ao vício pós-moderno, tão explorado em Bauman, sobre o fim das comunidades e a era das 'redes': menos encontro e mais paralelas. Parece viciante e solitário...

Por outro lado, percebi que confundo paralelas com linhas encontradas. Preciso corrigir alguns poemas (e emoções), onde entendo 'paralelas' no sentido de 'cruzamento',graças ao déficit de atenção geográfico/geométrico/espacial/emocional.

Bom, como não sou matemática ou física, me perdoei e fui atrás de saber o avesso ao conceito de paralela, ou seja, quando as linhas se encontram. Descobri que é chamado de 'interseção', cujo significado é:


O conceito interseção pode ser utilizado em nosso idioma com dois sentidos diferentes. De um lado, é utilizado no campo da geometria para designar aquele ponto estabelecido em que se cruzam duas linhas. Também serve para indicar o encontro entre duas linhas, planos ou objetos.Mas sem dúvida é no trânsito onde mais se usa esse termo, mesmo assim não podemos esquecer que sua utilização é resultado direto de sua referência apresentada na geometria.
Basicamente a interseção no trânsito se refere ao cruzamento de duas ou mais ruas. Sua principal função é possibilitar o acesso de quem circula à outra via e assim chegar ao seu destino.  Artigo http://queconceito.com.br/intersecao

Bom, quer mais poesia do que isso? Tome algumas taças de vinho e leia este texto, ao som de paralelas. Se a interseção é o encontro, falta ao mundo e a cada um de nós o charme do alinhamento sentimental. Mas isso envolve o conhecimento da geografia interna  e não é fácil reconhecer nossos espaços. É a árdua tarefa que viemos fazer por aqui... e tem tanto a ver com o amor!

Bom, o meu desejo após desta longa digressão em Belchior é que, depois de caminhar comigo pela canção "Paralelas",  um pouco do paralelismo sentimental viciante - doença do coração que esta poeta aqui inventou - seja curado de dentro de seu coração. Que explores dentro de você o que é um estar em par e esteja  ávido por um amor interseção, que te leve ao  encontro! - Com o seu destino.


LUZ!!! 
LUZ!!!
LUZ!!!

*Republicado, porque o texto foi acessado e gostei muito de ter escrito isso...e porque ainda é tudo em que acredito.

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Semente


 
Leve, leve

Como a última pétala que resistiu ao Outono,
Ela vai...trazer a nova estação
Filha da primavera,
Sabe: aonde tocar, dá de dar flor

Amiga do inverno: Sabe refazer calor.

Nascida no Equador
Para lembrar a potência da luz e a beleza da sombra
Segue, cada vez mais sua
Isso dá uma paz...

A de saber aonde está
A de saber quem é por si
A de estar por si (finalmente)
Semente....do tempo que virá

No avesso da realidade, pura poesia:

Desistiu de insistir na estação:
Tudo bem, são só outras formas de luz e cor
Afinal, mesmo nisso há beleza
Pois a humana natureza reúne afinados corações...

E pela 'lei natural' das afinidades
- Já disse Darwin -
Sobrevive o mais adaptado
E assim, por todo lado

O meio ambiente de cada um
É o que cultiva
E nisso não há esquiva,
 é tempo bom...dê de ver:

A planta que nasce desistiu do casulo
A Flor de Pipoca: O milho que não quis ser duro
O tempo do fogo, ou da água: é tudo transformação
Veja: a lágrima já secou o tempo passado:

Calmaria para o coração...

Comunhão de futuros:
Da escolha do hoje, ao tempo do amanhã
Não há mistério na receita, é só equacionar
A flor que nasce é a que gente escolhe regar.

O fruto que vem
Tem o sabor do que a gente cultivou
O não que a gente pratica
É guia do primeiro amor...

À guerra se vai pelos pares
Até nisso, o poder da reciprocidade!
Os ciclos se encerram
Vagarosamente, um botão desajeitado, vira flor...e nasce!




É de Outubro...é de milagre....

#


Colha o dia, a pétala, a beleza de plantar, finalmente, dentro do próprio quintal. Ao tempo da espera, a tudo que nos enfraqueceu, mas nos tornou mais fortes para a vida, às bênçãos e aos aprendizados, aos incômodos que 'transformamos em pérolas'...à vida, que nos ensina a respeitar o tempo da maturação, e a tudo que nós faz mais amigos de Deus...e de nós...gratidão!  
<3


LUZ!!!

domingo, 15 de outubro de 2023

Revoada


Do hoje?
Riso, amor...vida simples
Poesia de jardim:  Alcinea  ou Ester 
Falam mais e melhor de mim...

Sombra, meu bem, só de for do Canto
Onde aprendo o tanto que a natureza de ser daqui
Cheia dessa luz  e seus avessos, dessa água e dessa terra
é  uma metáfora singular sobre a existência

- essa coisa profana e sagrada  que não é apenas quimera -

Aliás, quem me dera...

Me espera, preciso de um poema
Vou bem ali, em seu jardim encantado buscar:
Tenho aqui mesmo, na prateleira de casa
Com goles de poesia,

a alma bebe o instante e volta a respirar...

Daí a gente tenta ser prático com doçura
E busca um poema burocrata, daqueles antigos
Nada beat e não molhado em tristezas:
A vida  às vezes precisa da delicadeza

De molhar a gente feito chuva fina em dia de calor...

É de fazer e refazer a gente...feito origami!
Que nos ensina que a beleza nasce da disciplina
Em fazer e repetir,  até aprimorar
E que o mais delicado papel nos relembrar o sentido 

De voar!

Quero um poema daqueles de açucarar o coração: é isso!
De dar esperança, de sentir borboletas no estômago
Aqueles que deixa o beiço da gente com saudades de beijar
De encontrar...

De esperar aquela chegada
Com o coração amanteigado, colorido e leve
onde sentir faz tanto sentido, que o coração celebre
Mesmo nos dias de intensa aleatoriedade...

Loucos, somos todos, afinal:
Mas a loucura que nos chega de modo bom é a questão central.
Espero que entendas e que as palavras possam expressar
O coração às vezes esquece de aprender a falar...

As coisas simples e doces são as que compõe a alma: 
Somos casas habitadas de lições
Mas, a gente não precisa aprender a explicar
O tamanho das coisas

Isso é bobagem: quantificar o existencial

Repete comigo e sente as significâncias
Terra...Semente...Fruta...flor...quintal!
Chuva doce...fim de tarde
- Amor equatorial -

De peito quente, a gente semeia o carnaval...




#

 Essa é uma palavra linda...'revoada'....e esse é um momento bom...pois, por aqui,  fizemos as pazes com a poesia que andava adormecida, de castigo por coisas que não fez...que tolice...por aqui, estamos de corações dados, com livros e teorias que amamos, enfim! eu e essa galera que existe em mim, e elas voltaram para cá, sa; simplificaram algumas questões  e até, acredite, fizeram um acordo profundo...de (re)união. <3

sábado, 14 de outubro de 2023

Amapá: 80 anos de Apagão

-Prólogo-

Macapá, pleno el nino:
Um calor danado me derrete a vontade
De pensar uma poesia boba
Na falta da cerveja gelada, de uma pirapitinga assada
Me veio o amargo do instante presente, veja a semente:

Vamos começar:





Amapá, terra amada!
Quanta geografia errada, quanta história inexata
Baixa memória e pouca lógica!
Como estamos perdidos, pai amado!

Quem descobriu o Brasil
Por favor nos explique:
Porque tão fragmentados?
Elos inexatos em pleno el nino: 

Efeito borboleta do ato passado:
Oras, isso deve apontar algum caminho!
Ou...talvez
Seja apenas o fim do mundo biblicamente proclamado.

O fim no mundo nasce em Macapá, afinal:
Céu em chamas de uma cidade equacionada
42° Graus sensoriais, em plena sombra
A gente liga  o ar, mas a Equatorial nos assombra! 

- Com sua  luz mercantilizada
Rindo de nossos desespero e nossas contas parceladas...

Ninguém entende:  vamos fazer festa!
O Amapá, afinal, tem hidroelétricas 
A custas de muitas tradicionais paisagens e da população
Servimos ao patriotismo: energia barata para quem faz parte da nação!

Entre apagão, mundo cão: Pandemia
Enclave social que o Brasil brigou desde tordesilhas!
Deu certidão de nascimento, tipo  Pai que entrou com ação de reconhecimento
Depois, fugiu, com a pensão! 

Mas posta foto internacional com suas outras filhas
Assina tratados de humanização...

Alô, Icomi, como vai a extração?
Foste embora, quiçá armaste o mundo até os dentes!
Enquanto a gente fazia festa por andar de trem
Rejeitos, a custa de quanta vida do Elesbão?

Em prol, em prol da Globalização!

Meu Vozinho, neste tempo aqui teve sua chegada
Bem entendo, meu vô: estávamos de mãos atadas!
Bendita União! Que nos desuniu 
A ponto de a gente não perceber nem os buracos da estrada

E ainda nos diz: preserve, pois o mundo vai mal
Mas mantém reféns de uma pobreza abissal
Pisando na terra que não pode ser plantada:
Proibitiva de uma extensa legislação ambiental:

(Senhor, já não entendo nada)

Grandes barões seguem entre Miami e a Paulista: O Brasil é o país do futuro!
Enquanto isso, aqui, não pode plantar, não tem dinheiro para circular!
A Cea-Equatorial a esfolar, pobreza entre o céu e o asfalto precário
Periferia da colônia de exploração: a política é cultura de apagão!

Viva o sucesso da Nação!
Nem na pobreza somos iguais
Uns menos - esses pavulagens
Outros mais.

Abriu concurso, vamos todos nos inscrever!
Descaso, desespero: Migração para Santa Catarina
Primos pobres do Pará, a gente imita:  
Até a Equatorial veio de lá...(Deve ser sina)

Engole mais essa, ou, como se diz por aqui: 'Toma teu suco'
Entre o dia 01 e o dia 15 a gente ri
- economia de contracheque!
Entre o dia 15 e 30, passa o aperto e engole o susto

Mas, depois, entre o sol no tutano
E a fome que engole metade da população - bolsista
A gente esquece tudo: 
Afinal, temos uma grande notícia

Rufem os tambores!
Coloquem as vozes em modo mudo
A Rede Globo Anuncia:
O  Brasil vai para a copa do mundo!

#

Epílogo:




#
*Fiz esse poema dia 13.09.2023, nos 80 anos da criação do território. Apesar da crítica, há muito amor por toda beleza, poesia e força que reside em ser daqui e amar nossas pessoas, sua cultura e singularidade.

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Código Primeiro


 
Sobre a derradeira lei, o amor primeiro?
Confesso: Quase ignoro seu código de aperfeiçoamento
Vivo de desenhar espaços para perceber
Olhar para os seus e pedir...Pai, me ensina a aprender...

é que,

Criada sobre a regra do 'açoite'
E ensinada às avessas 
A me quebrar inteira
Por outros, também estilhaçados

Entre literais mortos e feridos, por todos os lados
Cada afeto me foi cobrado:
De olhos elevados, peço: Valei-me,
 Nossa Senhora dos Corações Quebrados!

Também nos perdoa
Pelo que não pudemos conter...
A natureza humana, estranha que é
Chama de amor, confunde crimes, estende castigos

Veja que perigo: 
De quantas lágrimas se constrói o mar que leva ao verdadeiro adeus?

Doeu...doeu...

Até sarar, virar entrega
Poesia que se concretiza no dia a dia...
Afinal, 'somos quem podemos ser'
A vida é mesmo de se viver...

E finalmente, está tudo bem.

É daqui que nasço: entre tantos códigos, redescobrindo o Brasil!
Acredite, faz mais sentido do que parece
É mais coerente do que qualquer poesia concreta:
A alma chega...encontra com uma luz in blue,

Que anuncia o tempo de portas coloridas e abertas....

Eu pergunto a uma flor:
"Quem modelou teu rosto?
Quem viu a tua alma entrando?
Quem viu a tua alma entrar...?"

E da resposta, aprendo o primeiro amor e sinto a alma descansar:

" Em um Deus assim eu posso confiar"




#

Esse poema tem tanto de mim, da terapia, das coisas bonitas que colar vitrais é capaz de fazer com cada um de nós...e eu desejo para você que lê o mesmo amor que eu recebi (mas só que do jeito que for bom para você), para aprender a colar seus pedacinhos quebrados...afinal, diz uma antiga sabedoria japonesa chamada de 'wabi-sabi', que a beleza das coisas  é justamente a imperfeição...mas corações inteiros sabem ser melhores para outros corações inteiros...lembrando que ele é músculo, precisa exercitar, para aprender a pulsar sem bater. 

Além da própria música do Legião, este poema tem muita influência de uma Crônica chamada 'Vitrais', que é do Rubem Alves, inclusive a última frase veio a compô-lo, com as devidas aspas. Recomendo a leitura aos visitantes desse blog, que tem mais acessos do que esta poeta faz por merecer, pela demora de postagens: gratidão aos insistentes:

Mas a vida é para dos insistentes, afinal. <3

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Quase uma Oração




 Desculpe meu tempo
tudo em mim pede calma
Meu ritmo é lento...
Manso, feito uma valsa

Me chame para dançar a dois
Deixa eu te contar aos poucos
O que sei quem sou
quiçá, um segredo ou dois...

Fala apenas o que quiser de ti,
No final, não somos nossas palavras
E talvez, nem somos tudo que aconteceu
A efemeridade nos alcança de um modo tal...

A gente se aprende aos poucos, afinal.

Fica por perto 
Deixa que o vento balance as flores no quintal 
é raro encontrar alguém que alma reconheça
Dentro de uma imprópria geografia interna:  Sim, nós somos casas

(E com o passar dos anos, a gente fica meio mal assombrada
Cheia de luzes e escuridões que demandam  uma paciência danada...)

Deixa eu te mostrar um pouco de minhas sombras...
Minha autodefesa ataca, saiba: eu também jogar
Desisti de ser assim tão pura...foi preciso
Aprender a ser meu próprio lar...

Mas também sou bordada de milagres e detalhes
Um multiverso colorido, de casinha na árvore a trevas
Lágrimas ou inferno: De Cecília a Bocage
E sei fazer um inverso inteiro derreter...

Não me procure: Me encontre, depois das seis
Vamos fazer uma máquina de amanheceres 
Inventar o romance, 
Descobrir nossa própria forma de ser dois

E o que vier depois...

Cansada de contos de fadas,
criei outras alternativas,
Um mundo feito de verdade:
Com bons goles de poesia!

#

 Acho que isso é quase uma oração, no mês das bruxas.
<3