quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Eu, Velha Boba Demais (Devaneio Sentimental da Sessão Velha boba)


   Há tempos, meio que intuitivamente, criei duas formas de conversar em prosa, aqui no aluanaodorme. A sessão da 'velha boba'', onde falo um pouco de conceitos e formas de ver o agora, por meio das lentes de alguém que possui apreço por coisas antigas e a 'filosofia do boteco da lua', divagações sobre as trivialidades existenciais necessárias, que nos inquietam.

   Acho que toda expressão, seja escrita ou musical, leva um dedinho de nós. A prosa arranca pedaços inteiros. Como a paixão por coisas antigas, o dedo torto para a filosofia e astronomia, além da sempre presente poesia! Bom, confesso que não foi escolha. Se nós somos contexto e fios de inexplicáveis conexões, sempre tive um olhar que gosta do retrovisor. Algumas das pessoas que mais admiro e sou amiga são pessoas que vieram para o mundo bem antes de mim. 


   De outro modo, nunca fui adepta do conceito utilitarista de que 'o novo é  sempre melhor'. Gosto mais de costumes antigos, músicas, livros clássicos, filmes em preto e branco, ou com aquele colorido pálido das películas antigas, canções e até roupas! 
   Aprecio mais constância que mobilidade, embora goste e faça uso da tecnologia, que permite chegar até você, do outro lado da tela. Sim,a modernidade tem suas conveniências. Mas, fora do conforto que levou o clássico para a nova era, onde tudo pode acontecer, confesso: eu nasci fora de 'moda'. 
   Gosto de música instrumentalizada, de poesia de Camões e Shakespeare, ando por velhos brechós e sebos, que circulam coisas que não são mais feitas ou artigos raros. Nasci quando meus cantores favoritos já faziam sucesso há décadas, alguns já tinham morrido. As canções que mais emocionam ao meu coração são de histórias que já dormem no tempo pretérito - o local onde mora a perfeição.

   Isso tudo me tornou uma pessoa um pouco fora do meu próprio contexto e decerto prejudicou minha sociabilidade e capacidade de associação. Mas, por outro lado, manteve a poesia dentro de mim, que é onde a vida acontece. Sou mais das histórias de amor e das utopias, do que da moda distópica do momento, embora Kafka e Huxley tenham um charme impressionante e sejam minha grande exceção. Estes senhores de  1800.  

Aliás, também sou assim quando penso e exerço amor. Respeito as milhões de formas como ele se manifesta em cada um de nós, mas, particularmente, prefiro as coisas únicas.Tanta gente em mesmos espaços sentimentais já gerou muita desapreciação  do que realmente importa em uma relação, como  a cumplicidade, o companheirismo, a lealdade emocional. A modernidade sentimental confundiu liberdade com individualidade, amor próprio com egoísmo...enfim. Também vitimou a doce existência do...Romance! 

   
   Não entendo muito como a humanidade chegou a isso e tornou essas conceitos coisa de 'velho'. Nesse sentido, já disse Belchior, 'precisamos todos rejuvenescer'. Devo ter me tornado cedo uma velhinha que varre o jardim, lê livros e toma chá. E gosto disso. 

   Bom, cada um de nós está aqui para crescer, anotar percepções, ser feliz de acordo com a percepção íntima de cada um.  Quanto a mim, sigo nesta fé.  Eu não quero ser mais uma, um número (Como um CPF ,senha, C.I) em nenhuma 'multidão'. Não quero ser nada que não seja absolutamente autêntico, único na dança.  Não quero chegar, já com planos de ir...quero todo sonho que a vida me permitir! Sempre. Sim, eu sei. Parece piegas. É como disse Belchior: "Quero que esse seja o meu brilho, e o meu preço". 

   Mas, longe do puritanismo e do acesso perfeccionista, sei que a vida é plural e linda e que todos nós somos universos sentimentais em coabitação ou colisão. E cada um, tem sua própria verdade e beleza. Então,desejo que o amor, para mim e para ti, se mostre e se adeque ao seu sonho e à sua realidade. E que seja bom, da forma em que se fizer possível. 
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*Republicado, pois concluí HIMYM pela sétima vez e isso sempre me dá uma bruta fé na vida.  :)

LUZ!

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