Chuvas de Janeiro

Suavemente sopram

Os ventos de janeiro

formam as nuvens cinzas

que lavam os meses passados

E o ano começa lavado...

novo em folha.

Chuva-garoa
cumpra sua missão!

Chama o vento para passear 
e faz uma canção

Que hoje todo filho da lua

Quer bailar pelas ruas...

E a gente brinca e dança

Dotados da ancestral herança 

de entender que Deus é também natureza

E que todo janeiro para transbordar

brinda o início de tudo
 e chove em Macapá...#

:)

Necessário!

O amor...é lúdico e louco

E só sabe quem já arriscou a viagem

Quem já deu ingresso de entrada

Ao portão da ilusão da coisa amada....

O amor...é chuva e frio debaixo de cobertas

é a mão quente das horas tristes ou inexatas

é o ódio passageiro da mágoa,quando provocada.

mas é mais, é particular e inerente

é a necessária  e bem-vinda semente

Para nos fazer respirar e crescer...

Que me perdoem os egoístas,

Os pálidos de amor no espelho em abissal sentir
só bem sabe o que é respirar afeto...

Quem é capaz de sair de si.

P.s: Impublicável, Elton. 

(A gente tem que mandar cada recado pro namorado, eu hein...rs) 

Percepção

Abro meu noticiário interno: Abstração.

Quem confere o escrito e o vivenciado

Quem analisa os fatos narrados

Está em suspeição: Eu.

E por sob o meu olhar,

tudo não é fato, é percepção.

O que penso e o que sinto:

Bagagem interior e emoção...

O mundo arranha, bate à porta, provoca.

Eu - química e fisicamente- reajo. O que importa?

Busco o mais possível não ter tanto peso, ser leve

Sem paixão! mas o que move o peito é a pulsação...

Eu: Andarilha uma estrada sem mapa

                                                    Com o coração míope a bússola quebrada

                                                      Liquida e interior...pronome pessoal.

                                              Pintura sem enquadro de um estranho mundo real!

Ilusionista

Todas as estrelas estão mortas?...

Seria o céu um cemitério de ilusões?...

Seria a vida uma enorme abstração?...

Como responder tantas questões

Se tenho medo?Se ainda vagueio

Na escuridão de mim...

O que mais, o que mais há

Que ainda brilha sem pulsar?

Quantas viajantes não têm lar?

Angústia, dor, solidão...vida tem cura?

Estelares ilusões! multidão...

E sobre elas,  a lua! #

O senhor

Esse senhor cabisbaixo

Sólido em sua solidão...sabe tanto!

'Pergunte ao pó' e ele te contará

De quantas histórias ele se enfeita

Quantas deleita em reavivar...

É malandro em ser abstrato e concreto

Suspeito que ele me dá rasteiras

Por isso vivo longe de seu ritmo

Mas ele me alcança, eu danço sua dança...

E apesar dos pesares que não lhe pesam nada

Dizem que ele não pára

Ou será que é para...- Para o quê?

Baila no ar a incógnita

Que ele não quer responder...#

(Tempo, esse senhor, já disse caetano, é tão bonito...)

Carta ao inventor *

Qual a fórmula e a conjunção?

Peço-lhe o dom de compreender!

Mas aceito a mais pura e simples

Pois sou imperfeição a se estabelecer...

Já que ainda sou incompleta,

E vagueio em busca da descoberta

Enquanto ainda não te alcanço e descanso

Aceito pedaços, retalhos do teu manto...

E o tempo passa na minha janela

Sem a fórmula, fica confusa a descoberta!

Se não puderes doá-la, me aceita de aprendiz?

Viro semente, pedaço de gente, raiz...

Quero entender cada vão detalhe

Pois de tudo, o mais simples é o que vale

Torna cada vez mais sutil minha natureza

E põe-me face a face com toda tua profundeza...#                       

* Ouvindo "Antes das seis", poesia veio-me! 

Inominável

Feito o terno raiar da aurora

Que pouco a pouco o sol deflora

Surge por dentro de cada ser

Um particular amanhecer...

Um quê de palavras escorrem

Vontades que,de intensas, doem

O fogo interno que se decanta

A alma se refestela e acalanta...

E o inominável se crê... presente!

O peito dança na carne outrora dormente

Não precisa decifrar, não há porquê

é deixar o dicionário dançar dentro de você...#

E o meu desejo, para você que me lê, é: Que, ao longo da vida, pelo menos uma vez...todos os vocábulos silenciem. E tudo se sacie apenas em um sentir...porque o melhor do que se vive não precisa ser lido, pontuado, dito...o melhor do que se vive só precisa ser sentido.

:)

Artista

Se delicadeza há...deixa soprar!

Permite ao tempo colorir a estação

Beleza é sentir com o coração

E enxergar além do olhar...

Puxa do céu a inspiração

Sente, toca com a mão

Não liga para tolos e transeuntes

Te pinta do que te difunde...

De luz, brilho, arte!

Ama, doa...e acresce.

Não ligas se chorar, faz parte.

...Toda forma de sentir é uma arte! #

E o meu desejo, para quem me lê, é...pinte-se com suas próprias cores, borre a face na sua própria água...e não desista nunca da pintura-viva que é você. :)

Sonhadora

A minha delicada pele interna:

Sonhos, ternura, amor

Eu trago no peito

O ar de quem respirou afeto

Macio, quente, certo...

Gosto de quem  sorri inteiro

E ama até as entranhas

Odeia, tropeça e desperta

Gente que não está sempre certa...

Que se perde no espaço-tempo- calendário

E ainda se assusta com o noticiário

Se mantém a procura de abrigo

Mas se arrisca a correr perigo...

A minha doce contradição:

Querer o impossível e tocar com a mão
Sangrar e ainda acreditar, ter fé

Em antigas fábulas de felicidade...

fechar os olhos e flertar com a realidade! #

Que a gente não desista de sonhar! Sonhos, para você que me lê, já que, já disse o poeta..."o mundo anda tão complicado..."

Sentido

Sentir não faz sentido!

é só um quê que aquece por dentro

são sorrisos e crescimentos...

E vontades...ha! vontades...

De fazer o melhor - ser e dar cuidado

Porque o amor bem amado

Pede espaço para aconchegar...

Sentir não faz sentido!

O peito urge, a alma quer

A gente sente a interior maré

inundando espaços antes vazios...

Então me diz...como se deixa de sentir?

Como se apagar pedaços?

A alma é aprendiz...então me diz!

como é que se desfaz um enorme laço...#

E o meu desejo para esta segunda, é: Que a gente consiga ser do tamanho dos nossos sonhos. Bom dia, querid@s!!!

Própria!

Minha discreta solidão

caminha atrás de meu olhar...

Em meio à multidão

Náufrago no mar...

Em meio à tua mão,

Meus dedos, solidão

Meu mundo, solidão

Solidão!

Mas, não te pré - ocupes

com o meu divagar...

Devagar com o tempo

Sigo ao sabor do ar...

E em cada verso,

Faço um parto de pedaços

                                                               Um retrato multifacetado

                                                               De quem um dia, ei de ser...#

Luz! - Para você que me lê. :)

Ela!

Morreu...de "cid" ignorado

Um objeto não identificado

Chamado mágoa...

Foi para o outro lado

Que nenhum vivente pôde alcançar...

Agora é ilimitada

Viaja pelo espaço de si...iluminada

Por tudo que lhe doeu

Pelos dias em que choveu

E deixou molhar...

Ela não tem um lar...nem mesmo agora

Mas, no espaço entre o caos e a solidão

reside resquícios de calma

E ela tem alma!

Para transbordar...

Morreu...mas antes,

Sorriu,amou e permitiu-se ser

Ela viveu o que não lhe 'cabia'

Saiu da linha da fantasia...realizou!

E, ser pulsante, amou.

Agora...foi sangrar noutra freguesia

                                                        Foi pedir anistia...do que lhe matou

                                                        Viver cansa, querida...descansa

                                                            Não pensa no que passou...

                                                               pois você  não se anestesiou.Aproveitou! #

" Vamos viver nossos sonhos...Temos tão pouco tempo!"

:)