domingo, 6 de junho de 2021

Nem tudo pode ser Baunilha - é uma pena (Devaneios da velha boba)

 


Sim, podem me chamar de louca, queridos leitores desse espaço de poesia. Há dias atrás inaugurei o ano de 2021 nesse blog escrevendo sobre o quanto gosto de baunilha e enaltecendo as coisas doces e fluídas, tal como são.

 É, mas a semana correu e algumas coisas aconteceram e me fizeram pensar que...nem tudo pode ser baunilha (é uma pena). Mas não me execrem antes de ler esse pequeno devaneio nada pessimista, talvez um pouco realista, mas nada pessimista.

 Tenho pensado muito sobre a tristeza e para onde ela nos leva.  Procurei pelo significado da palavra tristeza no dicionário Oxford ( dá um Google e aparece), e a tristeza é definida como ‘estado afetivo ligado à falta de alegria, à melancolia’. E a melancolia é uma psicopatologia psiquiátrica, porque já é um adoecimento do sentimento.

 Bom, a melancolia como estágio de adoecimento é objeto de estudo há séculos. A depressão e outras doenças da psique também. A quem está no enfrentamento dessa batalha, meus mais sinceros desejos de que o sol bata novamente à janela do seu quarto...

 Quanto à tristeza, é um sentimento muito natural. É um pedaço das frustrações cotidianas que precisamos lidar para melhor desenvolvermos como nos relacionamos com o mundo. Também, assim como a dor, é um instrumento de dizer que não estamos em um lugar confortável e um meio de nos mover...

Mas é que a vivência na sociedade pós-moderna, acelerada e líquida, que não aceita pequenas pausas para ‘ser’, cobra que sejamos felizes como gente dentro de um comercial de margarina, perfeitos e plácidos, ‘confortalvelmente entorpecidos’,em nossas cascas de proteção.

No meio disso tudo, a tristeza é um mecanismo de autossocorro. Ao senti-la, a pessoa pede de si e dos seus ‘um pouco mais de calma’, ‘vida, pisa devagar’. E se movimenta para fora do ciclo pré-concebido pela modernidade.

Nesse ‘sentir’, há espaço para diálogo. Para falar sobre o que é a felicidade e o que procuramos. Há espaço para pausas. Para apreciar uma tarde e redescobrir com os próprios pés nossa tão própria e conceitual felicidade, que, tal como nós, é tão cheia de dialética.

E é nessas horas que o milagre do amor melhor se manifesta. Cuidar e ser cuidado é um processo lindo que envolve muito compromisso com o universo alheio.

Rubem Alves, aliás, já brincou com sabores e emoções no livro 'Pimentas', e nele fala muito de outros modos de sentir, entre elas, aqueles relativos às paixões, que provocam 'incêndios'. O termo paixão é sugestivo, pois, pode ser 'martírio' ou, como pós-modernamente compreendemos, relativos à emoção/relação sentimental. 

Eu me identifico muito com a expressão paixão. Em vários perfis, me descrevo como 'paixão morando na filosofia', como diria Belchior. Mas tenho tentado equilibrar todo esse 'sentir o mundo'. Seja como for, 'não pedirei desculpas pela minha intensidade'- disse o Carpinejar e sigo com o exato propósito, mas em busca da minha própria suavidade nesse caminho.

Bom, nem tudo pode mesmo ser baunilha (é uma pena). E...acho que a vida enfim, seja aprender a equilibrar sabores e descobrir aquilo que melhor se achega ao nosso próprio paladar e sentir.

E isso, enfim, talvez seja parte importante no processo de ser e partilhar...felicidade!

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