segunda-feira, 31 de maio de 2021

Baunilha! (devaneios da velha boba)

 


Eu gosto de baunilha. Aquele sabor que é de flor. Tátil, suave para os olhos, adaptável ao paladar. É regado,  pode ser chá, perfume, buquê...

Também gosto de creme brulé. Aquele docinho de baunilha, com aquela crostinha de açúcar endurecido e já escrevi sobre isso...sobre como gosto de gente creme brulé (aquela capinha de gente mais durinha que se dissolve em doçura e baunilha logo após o toque das emoções).


Gosto de músicas baunilha...feito ‘partilhar’, que ouço enquanto escrevo esse devaneio, da AnaVitória e do Rubel. Embora a música seja bem baunilha, o sentimento descrito na canção parece o tipo de coisa maravilhosa e maluca,  que a gente faz logo no começo de alguma coisa intensa, aquelas coisas que têm açúcar e pimenta. Tipo chocolate com pimenta.

Por falar em sabores, eu adoro os dias doces. Aqueles dias que posso dar uma palavra boa, uma notícia boa a quem acredita no meu trabalho.Meu Deus, como isso é bom.

Ou que eu leio um poema a uma amiga, ou partilho a dor e a delícia de existir com meu ciclo de afetos...domingos preguiçosos, sem grandes eventos, aqueles que passamos jogados no sofá, vendo uma série bem bonitinha, tipo How I Met Your Mother ...

Rir com minha melhor amiga de bobagens do nosso cotidiano. Meu Deus, como adoro. Nossas pequenas viagens sobre e em nossos Universos, nossos poemas e escritas singulares, e como a gente busca o melhor e é parte do melhor uma da outra.

As lindas poesias com sabor de flor,  um buquê como aquela Paisagem Antiga da Alcinea...ou as pétalas derramadas da Maria Ester, com toda fé e ternura que  derramam nos meus dias.

Confesso que eu gosto até da cor baunilha. Acho linda, iluminada sem ser pálida. Aliás, as coisas iluminadas nos deixam tão...preenchidos, não é?

Mas isso tudo já foi muito  diferente. Eu achava os tons ‘pastéis’ amenos demais.

Batom só era bonito se fosse vermelho e as intensidades me pareciam o único meio de existir e alcançar o universo – seja o meu ou o do outro. Desconhecia eu de que é preciso muita intensidade, densidade e força para transformar contextos plurais em leveza.

Haja força para lidar com a gravidade e voar...isso nos ensinam os passarinhos.

Não se trata de lidar com o  vazio, mas de ser preenchido sem pesar no nosso próprio mundo e no do outro. Isso se assemelha muito à baunilha...flor que é sabor, sabor que se amolda, pode ser mais intensa ou suave, sem perder sua própria singularidade.

Como ando muito grata ao Universo por essas micro-descobertas, resta-me compartilhar contigo, que faz parte desse lugar de poesia. Tem sido cada vez mais bacana descobrir mesmos bons dias, vínculos mais honestos e essa proposta interna de não aceitar e não ser parte de nada que não seja confortável, bacana e genuíno.

Bom, esse devaneio maluco talvez só seja para dizer que eu adoro baunilha. Que meus dias mais felizes, meus amores e afetos mais intensos e constantes são aqueles que foram construídos nessa relação entre a doçura, a flor, a mobilidade e a capacidade de transformar existências em ternuras.

E tudo isso se 'insurgiu' com mais força depois de um episódio da série ‘poder feminino’, em que dois personagens conversam sobre modos de se relacionar  e fui acometida por todo meu desejo de partilhar dessas emoções, tão novas para mim, e tão bonitas de serem descobertas...

Taí. A Música ‘partilhar’ é mesmo perfeita a essa reflexão. Baunilha...relações baunilha...sabores doces, suaves e capazes de agregar a outros sabores... 

Realmente, nem sempre gostei do sabor. Já fui dos ‘venenos mais fortes’...mas, afinal, leva tempo para a gente gostar de simplicidade, é uma longa viagem, e já disse outro maravilhoso poeta ‘no fundo é simples ser feliz, difícil é ser tão simples...’

 


Mas a gente descobre essa beleza. Aos poucos.

Como a semente vira flor, e a flor de transforma de muitas formas para chegar a quem dela precisa...seja por sabor, aroma, beleza ou cor.

Sim, Bel.

Já é outra viagem...e eu estou animada com a estrada, ali em frente.

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