quarta-feira, 13 de novembro de 2024

O Preço

 




Não me coloquei à venda
Nem pela farinha do ócio
Nem pela manteiga do pão
Não fiz escárnio do sonho de ser gente

Sequer confio na socialização!

Não pago o preço da tua palma aberta
e nem preciso de afeição teatral
Não pego a vaga de indigente
Na tua representação desleal

Não finjo afetos, sigo no que acho certo
Pago para ver, dou a cara a tapa
Não tenho métrica para medir a alma
Desconheço o exato custo por me ser

De entender inutilidades
Faço mil anotações para desaprender...

Não, eu não mercantilizo nenhuma forma de amor ou prazer

Não cultuo o teu deus: o Poder.
E nem gasto saliva apenas para emitir som, 
Dou à palavra o respeito à uma entidade mágica, fluída liberdade
Que voa, transmuta em borboleta

E dança no cio da primavera...

Volto todos os dias para a mesma casa: peito calmo, descanso 
Esse campo sagrado de sonho e de bem-viver: águas de remanso.
O meu prato de cio  sirvo à poesia do dia - limpo alimento.
E, por todo lado, a minha alegria 

Está na 'dor e delícia' de ser quem eu sou...

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Porque eu sigo assim, os dias são mais leves...


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