Entre o crime e o afago
O socorro e o pecado
Quem saberá dizer
Dos erros e virtudes
Qual o nosso maior fardo?
Quem saiu do labirinto do sentir
Intocado pelo absurdo?
E nunca bebeu suas lágrimas
O sabor doce da saliva amada
E falou de amor sem sentir dor
ou mágoa?
Quem ultrapassou a linha da virtude
E se sentiu devasso e impuro
Indigno do mais terno olhar?
E descobriu a própria maldade
Seu egoísmo e fragilidade
Tudo em nome do amor…
Quem já se sentiu pleno e perfeito
Depois de enlouquecer de paixão?
E jamais errou a dose e a medida
E não fez da loucura
Sua forma de pedir perdão?
Quem, depois das vestes de rei
Não mereceu as de um mendigo,
E até correu perigo por sentir demais?
Quem jamais sentiu na carne o corte
Da própria humana fragilidade
E pediu ao doce senhor dos céus piedade?
E jurou aos céus...'nunca mais'...
É, Marméladov,
A linha entre o belo e o bizarro
Está na minha e na tua mão
Cada um tece suas próprias vestes
Pecados, suores, amores
E oração…!
Da releitura de"Crime e Castigo", uma brincadeira proposta entre amigas e sentir novamente as dores e os sentimentos do bêbado Marméladov, ao falar em Cristo...
*Republicado de 16.11.2016, pois foi acessado, e senti imenso apreço em reler esse pedaço do aluanaodorme.
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