segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Desordem

 




Vasto mundo,
Eu não te sei.
Não consigo!
Quanto mais sigo, entre passos e livros,
Emoções e sensações,
É tudo vário, de pouco em pouco, me percebo:
Nada é e nem está: o tempo é precário...

A flor é alimento para beija-flor
E nada para o burocrata.
O céu é poesia, teto de quem construiu o mundo
E para quem constrói arranha-céus
É meta de um mistério nada profundo.
Vasto, muito vasto mundo, eu não te sei.

A roda gira...e o giro roda...

Brutus traiu César – antes, era uma esperança
Caim matou Abel – e a Deus ele conhecia...
A vida não é exata, mundo, vasto, eu não te sei
Aprendo regras que se movem
A critério do jogador 
Quando mais duro o tabuleiro: menos amor ...

(Ainda bem que a vida não é round 6! )

Mesmo as palavras, as mais poéticas ou  exatas
Podem ser enredo... ou enlace
Códigos são nada para quem não está sob a mesma Nau - Leviatã
tudo é delírio, força conjunta, ou ato individual
E nada está exatamente descrito: não há bula
Um conselho é a própria Contraindicação!

(Segura o peito, aguenta a indigestão)
 
Vasto mundo, eu não te sei: 
Não inventei a roda! Não criei a poesia!
Nada sei sobre aritmética e desconheço a geografia.
Ignoro vertentes da minha própria história
Da ancestralidade à língua.
Vivo de procurar e aprender
Descobertas que me deixaram rouca....

Perdão, uma pausa: estou tonta.

O consolo da teoria do Caos
é que a desordem pode ser a essência do Progresso
 ( e mesmo isso pode ser só consolo do perdedor)
Eu não sei jogar, me sagre, mundo:
Um fiel - por isso mesmo - bom perdedor...

E ainda assim, digo ao peito:
Não conforma aonde for pouco, que amor é coisa para muito
Nem todo mundo sabe ser...ou partilhar
Nem todo mundo tem o que dividir...
E o progresso é caminhar.

Um porto só é porto quando se vai par ao Lar
Nem todo ponto de parada é mesma coisa que chegar
No mais, são horas apenas retiradas, vida que vai - e acredite: tudo volta.
Enquanto isso, alma: Viaja!...abre portas.
Aprende, tudo é experiência de existir
Ainda ontem, no espelho vi a minha primeira casa:
 
Par de asas!

Vai que - por sorte ou desordem
Continentes se reencontrem no horizontes: 
Vasto mundo, surpreenda!
A fé é coisa de bobos e loucos:
Me sagre sua fiel interna, louca de pedra
Afinal, besteira mesmo, é em tão vasto mundo

Desaprender de se ser.

- Sigo sendo, em plena desordem
E sempre 'pago para ver'.... - 

#

Fiz essa poesia baseada em alguns meses e descobertas. Talvez essa tenha sido a maior poesia com aspectos de concretista e marginal que gostei de fazer no último ano e ela fala muito do que tenho aprendido sobre ser gente ...e saber que não se está aqui para saber, mas para progredir na desordem aleatória desse universo, cooperar, aprender que perder de espertos ou em regras inexatas é uma dádiva, e criar a vida de um jeito que se possa descobrir, partilhar e multiplicar...FELICIDADE! que se constrói com paz e aceitação daquilo que é nosso e do que é externo - esse mundo, que de tão gigante dentro de nós e do outro, é inalcançável. Vamos viver com as portas se abrem e deixar o vento arejar a desordem...progredir e progredir...Sorrir e descobrir nossos iguais e nossos desiguais...aceitar despedidas e promover novas chegadas...é isso...




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