quarta-feira, 18 de março de 2020

Inundação


Foi um dia cansado.
Entre organizar as compras do mercado e a arrumação básica do ambiente, esqueci a água da pia aberta e com a tampa fechada. A casa toda alagou porque esqueci um detalhe.

 'Era só o que me faltava' 
.
Penso em ir dormir e ignorar toda aquela água. 
Alagou a cozinha e avançava para o corredor que chega aos quartos e sala.
'Melhor puxar toda a água com um rodo'.
 Faço a primeira tentativa.
A água tem mais força que eu. Assume seu lugar, alaga.
'Não consigo só'.
Penso em todos os afazeres do dia e nos que ainda faltam serem concluídos. Nas fotos para a montagem da última petição. No livro, que tenho até Setembro para levar para meus pares. Faço uma adaptação musical à canção 'Leila':

"Você monta suas fotos pra uma Petição
Promete trabalhar mais no computador
                                              e terminar seu livro até Setembro..."

"Garota, 'prestenção' na água..."
Pego duas toalhas, isolo toda a água em pedaços. Um, a cozinha. 
Avanço e divido corredor, sala e quarto.

Luto com a água da cozinha. Quanto mais espremo no balde, mais brota. 
Luto com a água no corredor, até os pulsos doerem. 'Meu Deus, que aflição'.
Penso em ligar para minha irmã. Mas, tadinha, tivemos dias tão cansados. 
Me resolvo por aqui mesmo. Depois de fazer o possível, e não conseguir retirar toda a umidade, adormeço exausta. 
Acordo. Vou olhar a casa, preocupada com o longo trabalho pela frente.

A água simplesmente evaporou!!!
Sobrou apenas a tarefa de aparar os 'danos' da inundação. Limpar a casa, perfumar, tirar os cantos molhados e deixar a casa aberta, para o vento terminar o seu trabalho...de ser vento e levar embora...

Entendo que a inundação foi a metáfora mais que perfeita de Deus para comigo: Penso que a maior parte dos problemas e dores na 'casa' (EU), também são assim.

Quando estou inundada (De lágrima, problemas ou vinho), bom mesmo é fazer o possível. Costumo dizer que quando bebemos, somos só verdade. Por isso que os bêbados procuram as pessoas a quem amam. Porque é a alma feito criança. Mas para mim, também é jeito de 'lavar', ou melhor, 'conter' a inundação.

Que aliás, tem tudo a ver com o que aconteceu no processo da casa: Conter a água por partes (coração, mente), espremer delicadamente o que estiver mais crítico e deixar o tempo agir no resto.

A 'casa' é a melhor personificação de quem sou, acho. Confesso que, às vezes, também esqueço a 'água parada', até alagar. Nestas horas, é bom respirar. Fazer o possível e depois deixar o tempo agir.

No final das contas, foi até bom ter inundado a casa. Ela está limpinha, limpinha, cheirosa. Tá com um ar adocicado de coisa fresca, recém- limpa. 

Está arejada e cuidada. 

Preciso fazer isso mais vezes. Não, não preciso esquecer a torneira aberta e inundar minha moradia. Não preciso disso. Às vezes, tenho tanta água que só o Titanic entenderia. 

Preciso mesmo é entender que o remédio da inundação não é lutar com ela. É fazer minha parte e depois...dar ao tempo, tempo. Para isso, atenção: mais que muita luta, é preciso exercitar a ciência da paz...que alguns chamam de paciência.

LUZ!


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