quinta-feira, 7 de março de 2019

Póstumas de Cinzas



Faz madrugada
Em mim
A chuva cai
Sem fim


Lá fora
borboletas dormem
sob o temporal...

Águas de açúcar e sal
em meio à serpentina
Ainda ontem, era colombina
Agora: eis, vida real.

Aqui, nada é ideal
Ainda se espera um novo cometa
Que venha construir novo lugar
sob o caos aleatório do planeta

7 bilhões de maus, bons
lívidos de suor e de ternura
cheios de dor, prazer, êxtase e amargura:
ainda bem que existe o carnaval!

depois, de ilusão
só shoppings, abarrotados em liquidação
nossas pequenas ilusórias morfinas
ah! que saudade dos igarapés do paraíso

(onde feliz era, na cidade de Sant'Ana, 
ainda menina.)

Minh'alma parnasiana 
Insiste em buscar na lembrança
a doce sensação de mergulhar num igarapé
um mundo onde a fantasia

escorria, feito a chuva
natural e lívida
sob o pé.

E agora, finda o carnaval 
Eis que o colorido
dá lugar ao quarto dia de cinza
A chuva lava a serpentina

agora: eis, vida real.



LUZ!

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