sexta-feira, 19 de julho de 2024

Nunca Mais vou me Esquecer na Estrada





 Eu nunca mais pedirei
O que necessita ser obviamente partilhado:
A cada elo quebrado
Direi apenas...A-Deus...

Nunca mais seguirei
Por caminhos mal pontilhados
A não ser que pelo puro prazer de andar na contramão
Do contrário, mudo a rota, o controle e a direção...

Não mais farei poesia pela metade
Não esperarei do outro o que, em essência, é  minha contribuição
Retomarei o que é meu
Pela delicadeza de minha mão...

Não receberei mais o que não é meu
Como se o fosse
Pelo contrário! pelos meus pés
Colocarei meu próprio corpo

E tudo bem que  tenha construído outras edificações
- São partes do processo de aprendizagem do 'eu'
Todo mundo ganhou, e se a essência partiu
Tudo bem se agora, em pleno junho, se achega um novo abril...

Nunca mais deixarei meu coração marginalizado 
Enquanto corro para salvar-me de dragões imaginários
Sentirei comigo cada coisa, as dores e delícias
Sim, vou reelaborar tudo que o 'eu' precisa...

Fazer o trabalho árduo, perdoar sem esquecer
Como uma espécie de proteção sem armaduras
Assim mesmo: como uma decisão...
Vou me tornar cada vez mais inteira, ainda que hajam partes quebradas,

Nunca mais, nunca mais vou me esquecer  de mim na Estrada...

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Depois de reler Poe e de ler "Gênese'', do Gabriel Yared (Do livro 'Desterra', que recomendo difunforça, como se diz aqui pelas 'bandas' do Norte...)

quinta-feira, 18 de julho de 2024

Retomar a Poesia






 E eis que o verbo fez-se fato
Na tua carne
Não é profano, meu bem
Não há nada mais sagrado do que bem-amar

- Disse-me o Mestre.

Então, 

Segura na minha mão
Vamos contar às estrelas o segredo do nosso lençol
Mesmo a mais brilhante
Vai ficar bemol...

O nosso tempo é o instante
Somos poesia do Universo, luzes que se encontraram
Para brincar de não ofuscar
Se demorar mais um pouquinho,

- Parece que vou namorar...

E nem é brincadeira esse poema
É uma promessa não feita, pois não sou afeita
A prometer espontaneidades
- É um contrassenso, bem...

Mas segue o baile: dança comigo
Vamos fazer da presença um presente bom
Brincar de esquecer que somos gente crescida
Esquecer da lida...

- Recordar que é pouco o tempo da existência
Pra gastar a vida com dormências
Coisas pequenas não valem a grandeza do milagre
Vem ser o Rei do Castelo que fizemos 

Só para sentir e amar...

E assim, poderemos enfim
Retomar a poesia, iluminar a vida,
Ser mais leves do que jamais fomos
Soltar bolhas de sabão no parque

Deixar voar as borboletas no estômago!
Fazer o melhor da existência com a filosofia da trindade,
Algo como amar bem, que se resume em:
- Sentir, viver e fazer arte -

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quarta-feira, 3 de julho de 2024

Sobre Ted,HIMYM , Sincronicidade e Coincidências Significativas - Parte II (Spoiler à vista!) (Republicado)

" O engraçado é o seguinte: da minha própria maneira louca, eu estava feliz. Pela primeira vez em anos não havia nenhuma parte de mim apegado ao sonho de ficar com Robin. O que significava, pela primeira vez em anos, que o mundo estava aberto. Porque, crianças, quando uma porta se fecha...bom, vocês sabem o resto" 
E foi assim que a longa jornada de Ted em busca do amor de Robin, teve o princípio do fim e que, pela primeira vez em anos, nas palavras do próprio mocinho, o mundo estava aberto às possibilidades.
HIMYM é a clássica epopéia de d Quixote moderno, adaptada ao romântico ideal da procura do 'grande' amor. Jornada acompanhada por nós, amantes da série, que vimos por longos nove anos a narrativa de  trinta e seis anos de Ted à procura da 'Sra.Mosby".
A série, que é uma comédia, longe dos clichês superficiais modernos, abrange uma série de temas complexos e difíceis de lidar, com as mudanças produzidas pela modernidade: solidão, procura, amizade, perdas e ganhos, crescimento, família e sonhos - perdidos e transformados. E, principalmente, ternura em meio à isso tudo.
Confesso que uma das coisas mais incômodas para mim, durante a série, foi acompanhar a evidente paixão não correspondida de Ted por Robin. Aliás, o esforço de ser amado pela jornalista foi tal, que durante anos, Ted roubou uma trompa azul, fez 'chover', 'armou' surpresas de Natal, aniversário, largou uma grande história, abriu mão de projetos...enfim. 




Amor que precisa fazer grandes feitos em busca de aprovação. Tive por Ted a empatia daqueles que têm coração bobo e que sabem que, nem sempre o amor é razoável. Quase nunca é.
O que me recordou novamente aquele trecho em que  Ted conversa com Robin sobre pessoas e encontros (17 ep da sétima temporada). É quando Robin fala em Sincronismo, sem mencionar que é conceito de Jung, que desenvolveu uma teoria sobre o sincronismo e as coincidências significativas - que aliás, valem à pena de se conhecer.
Estes conceitos tem tudo a ver com toda a narrativa da série e com Ted e o fato de que simplesmente Robin não era seu destino (ou...era?) Bom, o fato é que, antes da mais nada, Tracy era o destino de Ted. E ela veio...o mais rápido que pôde, de uma outra Estação, um outro simbolismo clássico de que, não importa o quanto você procure, o amor 'te encontra'. Ele simplesmente 'vem até você'.

Aliás, HIMYM é cheio de coincidências significativas. 


Ted inventou uma dança da chuva para ficar com Robin. Chovia longa e naturalmente quando Ted conheceu Tracy. Ted criou malabarismos e disse 'te amo' desde o primeiro dia para Robin. Foi Tracy quem chamou o mocinho para ficarem mais tempo juntos, na primeira noite...
Acho que, no fundo, isso tudo diz muito do amor e da paixão. A paixão é fazer força para chover. O amor molha naturalmente...

Já escrevi sobre Ted Mosby e HIMYM algumas vezes. Sinto que, de muitas maneiras, Ted e a vontade de encontrar o 'amor de sua vida', em uma época tão líquida, me faz sentir a ideia de que, apesar do acelerado, boas amizades, bons amores e boas pessoas estão se encontrando no tecido enorme e disforme das cidades...e também no nosso dia a dia. 

E, o fato de que, após uma longa jornada, o mocinho encontrou Tracy e com ela viveu o amor de seus sonhos faz qualquer um de nós alucinar de alegria...apesar do nada clássico final.
Mas, antes disso, crianças, ele precisou desistir de "fazer acontecer'' e colocar a vida à disposição do Universo. Ele precisou tirar os fantasmas da ilusão do armário e jogar fora, apenas soltar...as rédeas, os pesos e os medos. E apenas confiar na força poderosa do Destino.


P.s: Aliás, a canção abaixo - outra curiosidade de HIMYM - tocou nos dois momentos em que Ted deixou Robin ir: no ep.15 da 7a Temporada e no episódio da 8a Temporada, a do 'balão'. A mensagem sempre foi clara...'apenas solte'.
Ps: Ainda que as coincidências significativas sejam maravilhosas, nada no Universo retira a nossa força pessoal de permitir que aconteça ou de colaborar com o que acontece. Afinal, o Universo tem um plano, mas precisa de nós. 
É isso, Kids. :)


* Republicado de 26.06.2019, porque foi acessado e gosto demais deste texto.


LUZ!

terça-feira, 2 de julho de 2024

Aceit-ação

 
Deixo ao tempo o dom de cuidar
Das coisas que desaprendi de guerrear
Não quero mais ‘andar na contramão’.
 
Aceito
As coisas que acontecem para além da simples razão
Porque acredito no amor da criação...
 
Já não quero mudar tanto o todo
Somos o que podemos e o que escolhemos acolher
De tudo que nos achega
E cada um está buscando amor como melhor lhe parece a vida
 
E goza e padece de sua própria lida...
 
Confio.
Não porque a vida seja apenas a mais pura claridade
Ou tenha alcançado o nirvana
- Pelo contrário, ainda anoiteço
Mas cuido com delicadeza das sombras que se achegam
 
Acolho, trabalho e cresço.
 
É, agradeço.
Toda raiz precisa até mesmo do mais intenso temporal...
E com isso, a beleza do todo me alcança
A menina que me habita dança

O oceano da vida se abre 
Para que possa navegar com a realidade como que realmente é
E como sou, e às coisas que quero cultivar
E de saber e perceber o quanto isso me liberta

Sou mais feliz no agora do que jamais fui...




#

Durante muito tempo, fui muito escrava das minhas expectativas acerca da realidade. A romancista e poeta que me habita desejou ardentemente certas sensações e sentiu muito quando a realidade veio em contrário.

Leva tempo para aceitarmos a beleza da simplicidade: O que é. A vida. A gente. O mundo. Mas essa percepção é poderosa e, confesso, um grande prazer. E eu desejo para mim e para você que me lê essa beleza...a de perceber, confiar no amor da criação e navegar... e dito isso finalizo com outra forma de poesia...a bíblia, com sua linda mensagem de que "Os que confiam no Senhor são como os montes de Sião, que não se abalam, mas permanecem para sempre"  (Salmo 125,1-3).


LUZ!