quinta-feira, 6 de setembro de 2018

A próxima vez que for ao cinema



A próxima vez que for ao cinema
Quero ver um  filme de amor
Comédia e riso, coisa boba e doce
Isso, a próxima vez que for ao poema...

Ah! 

A próxima vez que for ao poema,
Quero ver algo que fale mansinho
Uma comédia de amores bem devagarzinho
Que a gente até duvida que ainda existam,
E sentir o coração encher de fé...

Quero comer pipoca, rir demais
Chorar só se for de boa emoção
Quero sentir o coração bater 

- E dançar ao som de uma boa canção!

Arder de alegria pelo final feliz
Anotar frases doces e formar cartões
sentir o peito cheio das coisas lindas
As formas mais que raras e mágicas

Pelo qual vale à pena viver.

#

LUZ!

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Cansaço



Trago nas mãos
Notícias e canções
E um cansaço guardado
De parir palavras…

Prefiro sorrisos, silêncios 
Cheiro de café recém-coado
e o farfalhar das folhas 
que dançam com o vento, às seis....

Sinto que estou
Cada vez mais inapta
À sociedade e suas convenções
E acho que essa dislexia
Bem me cai…bem me faz!

- Desconfio de longos sermões,
Prefiro a verdade 
 da engenharia dos abraços
Aprecio o calor do traço
A sutil arquitetura

Quente de um arco…

- Como se o corpo soubesse que é um templo
Berço sagrado de sentir -

Não digo “amor”  a meros conhecidos
Ah! Amor não é bicho inofensivo:
Nem se desfaz feito fumaça de cigarro
- E seus danos colaterais
Têm mais estragos ... - 

E apesar da dureza cotidiana do existir
Sinto a beleza de ser e estar aqui!
Recordo sempre do mantra
Que repetia a antiga canção: 

''tudo é divino,maravilhoso''
- Mas também lição -

ah! Trago nas mãos
Notícias e canções
E um cansaço guardado
De parir palavras…

#

Palavras, esse dom que a gente aprende com o tempo...

E quem irá dizer que isso não é mesmo o grande plano de Deus?
Evoluir!


LUZ!

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Anjos*e*demônios...em nós!


Você é as flores que plantou, os sorrisos que deu, as pequenas ínfimas bondades que fez, o que te prende a atenção e o que te agrega valor. Você é o amor que doou, as rugas que ganhou por sorrir, as lágrimas de felicidade, as pessoas que escolheu para caminhar. Os amigos que fez, o  amor que cultivou, as luzes que gerou, a alegria provocada. A caridade despretensiosa e gentil que emanou,  bons fluídos que passou, a gentileza que não se amesquinha a títulos, a doçura intrínseca em ver e reconhecer no outro suas potencialidades, a honesta capacidade de assumir lados e pagar pelas consequências com leveza, o trato, o gesto, o laço... Você é o bem que faz.

Mas, ha! Esse não é só um textinho meigo sobre quem você ou eu somos no "lado bom da vida".


Você também é aquele chute no balde que deu, o porre vergonhoso que seus familiares acolheram, as burradas e "emperradas" na beira da estrada, as dores - de parto ou partida- que sentiu, e as coisas que fez e magoou à alguém. É também o mal que desejou, as mãos que não apertou, a paciência que não teve, a garganta que gritou. Você é o descontrole ocasional no trânsito- da vida ou emocional, a luz que deixou de doar e o "vai à merda" que soltou à alguém. Você é o que deixou na estrada, a mão sangrando machucada (metaforicamente, por favor), o coração partido e magoado de outro alguém, a dor quase imediata da gentileza não doada e aquele desejo fundinho (ainda que raro) de que algo dê errado para aquele fdp do seu trabalho, só para que ele "aprenda", como se fôssemos Deuses.


É preciso primeiro, antes de responder à esta questão tão visceral: "Quem eu sou?", saber de sua própria luz e esquisitices, deixar de querer ser "normal ou diferente", ter atitude de si. E até, aceitar e perdoar o 'eu no espelho' e, partindo dessa lição, perdoar e lidar com o outro. Daí dá para saber onde se quer ir. 

O mundo é um lugar bom! Mas é preciso assumir que as flores têm espinhos, que é lindo deitar na grama e olhar o céu enluarado,mas você pode ser assaltado, e que o vento que sopra na orla e lhe acaricia a face iria desarrumar sua casa inteira e deixar você maluco tentando segurar seus livros e notas fiscais (rs), e que a chuva é LINDA! Mas que baratas (e voadoras!!!) existem, às vezes para acabar com aquele seu resquício de mulher-maravilha.


Finalizo com um texto da Martha sobre a nossa humana natureza :)






Sou capaz dos gestos mais nobres
nem eu consigo me aceitar assim tão justa
chego a parecer burra,
loira, pálida e profunda
nada me detém,sou a dignidade em pessoa
ninguém diria que uma criatura como eu pudesse ser tão boa,
uma santa,uma alma do outro mundo...

Mas se acordo atordoada,
sou capaz de armar um circo
solto fogo pelas ventas,
não resmungo, grito mesmo
ninguém me aguenta,
sou herege, estúpida, ruim como o diabo
me escondo em qualquer beco, rabugenta, bem no fundo do buraco,
a cara cheia de olheiras...

...argh!!Que sou de lascar quando quero
haja paciência e sabedoria ou pouco ou ego imenso
ou isso tudo para enfrentar o céu e o inferno a cada vinte minutos.

#



*Republicado de 11.09.2014, pois somos todos desta mesma matéria muito HUMANA .
Eu,ferida, sou um bicho muito ruim. Por isso gosto das palavras 'sarar' e 'curar'...cada um tem seu remédio para a 'dor de si'. A minha é amor.


LUZ!!!




segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Assim como o poema



Nada ideal
A vida não é uma reta ou seta
Acontece entre um e outro café
- Assim como o poema.

Queima, ponta de cigarro
Incenso que perfuma
De infinitas formas...

Pode arder
E até esfriar sob a chuva mansa
Quando a alma descansa
Dos 48°...

E parece impossível
Fugir de seu fogo fátuo:
Dor/ Amor
Ideal/ Dessabor!

- Todo sentimento é de se sentir...-

Ah!   doce tragédia !
Eis que, bem sabe o poeta
Nenhuma lágrima tem o mesmo gosto
Nem escorre sobre o mesmo rosto...

Na metáfora perfeita de Heráclito
Nunca mais somos o mesmo passo
As águas do segundo passado
Já não são do mesmo rio...

E, por outro lado,
A memória une o fio
Entre o que é e o que já existiu
(O corpo sentiu, a alma recorda)



Ah! Nada ideal
A vida acontece
Entre um e outro café
Canta, emudece,
Jaz (z) e floresce...

- Assim como poema.

#

Bons cafés e dias, neste comecinho de semana.

LUZ!

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Ensaios sobre o vento



Ouço o  vento na esquina que dobra
Meu coração dança sua vibração
O dia nasce, medo e curiosidade, par em par
A vida é sopro, move com o ar...

Vou ali, dentro de mim, ver o mar! 
Navegar um pouco no Universo bom de minhas ilusões
Meus sonhos e imensidões,
as cores de meu arco-íris particular...

Saber qual a cor da brisa que hoje me veste a alma
E entender ou aceitar a inadequação
Nem tudo que bate dentro de peito
precisa ter razão...

Ouço o vento da esquina que dobra,
Sinto a revoada que vem receber a primavera,
A sinfonia é bonita e transcendental
A vida é mágica, imprevisível e absurdamente real!

#



E a primeira borboleta amarela 
luz da primavera no Equador!
 Pousa,  após a chuva, no jardim. :) 

LUZ!

Um louco



Sob as chuvas que lavam a manhã
e levam Agosto
Bem-te-vis , do alto da fiação
Acompanham o vai e vem apressado do cotidiano

Não existe um plano?
Viver é movimento...

- E um louco nada sob  o tímido  sol matinal 
Na  lagoa da Floriano Peixoto.

Quem poderá dizer se isso não é felicidade?

O instante é conceito unilateral 
Acontece simultaneamente em todos nós
De um jeito diferente, somos o agora
Que não se demora, amanhã já foi...

E um louco ri, alheio à dureza do Cotidiano.

Seria um engano?
Uma forma de evoluir ou involuir?
Não sei, não sei. 
De certezas feitas de concreto, desaprendi...

Mas sei da beleza do bem-te-vi
Da calmaria que faz logo após a Chuva
Do gosto do tempo que faz bom vinho da uva
Ah! a imperfeita beleza existencial...

Um louco caminha - alheio ao delírio do mundo real?

domingo, 26 de agosto de 2018

1° estrofe da 1° lição




É culpa do incenso aceso
Do tédio indignado de ver o noticiário, às nove
Da borboleta que dança no jardim com a alegria
E da febre existencial, calor ou instinto de poesia!

Foi pelo luar do Amazonas
E o cheiro morno e adocicado do rio
Quem sabe, pelo tremor da cobra Sofia
E pelo sol ardente do Equador, em pleno  meio-dia...

Esse cansaço da repetição - oh, vida, ordinária!
E o velho vício do fogo da vida , 
apreço às coisas mais que raras
Alheias ao cotidiano das pessoas cinzas, de almas pálidas...

Se é de se viver, é para filosofar,rir, ir além
Entregar a emoção, tomar banho de rio, ir ao cinema
Recitar bem alto um longo poema a uma flor
Fazer coisas bobas, como acreditar no amor...

Brincar com a vida!

De saber disso, pergunto coisas sem explicação:
“Como seria se toda poesia fosse uma prosa?”
“E se cada lágrima de criança virasse um oceano?”
“Por que o principezinho amou a desajeitada rosa?”

Não tenho medo do exótico, sei que estou a passeio
Mas, antes de partir, no entremeio
Quero descobrir o melhor modo de sorrir!
De amar, sentir e servir,

 Ser gente é ritmo, sincronismo e afinação
Sigo os passos e danço! anoto cada descoberta
Para ser a melhor versão da letra da canção...
  E sei que ainda estou na 1° estrofe da 1° lição.


#

LUZ!

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Comentários a respeito da Vida II

Não brigo com o vento por ser vento
Nem peço ao poema explicação
Sigo o rumo da imprecisão
Com o ciclo perfeito da imperfeição, danço.

Desfaço os cabelos, deixo o sopro do rio tocar a pele
Não brigo com o clima atípico do equador
O oito ou oitenta, o sempre- eterno calor
O gosto de sol com Amazonas faz mais sentido assim...

Aprendi a aceitar aquilo que não me cabe entender,
A árvore da vida dá fruto de muitas formas de sabor
Às vezes é sal do mar, às vezes de amor
E nem sempre é fácil discernir ...

Não brigo com as paralelas por não ter placas de indicação
Nem uso bússola para achar minha interna direção
Nunca gostei de estradas sem emoção ou de fácil caminho
Aprecio o luar, cheiro de rio,poema, prosa e vinho

Sigo velhos ditados, aceito conselhos da maré
Gosto de coisas antigas, histórias que vento levou
Não sei de quase nada do que antes tanto sabia
Faço palavras cruzadas, só para formar ‘alegria’...


Acredito no força misteriosa do Universo
Nas coisas feitas de açúcar e algodão
No beija-flor do tempo que floresce histórias
E na  vida, com sua sabedoria sutil, simples

mágica e poderosa!
#


De assistir  'Anne wich on E " ... e  pensar  na simplicidade mística e poderosa da vida.

LUZ!

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Dos quereres





Quero fazer café e ouvir Belchior
Saber do dia de alguém amado e regar as plantas no jardim
Acender um incenso e fluir a mística poderosa do bem
 Perfumar a casa com o cheiro adocicado de alecrim...

Preciso tomar coragem para ir à academia
Cuidar da saúde e de uma provável anemia
Dar o nó nos sapatos, aprender a firmar o passo
Reafirmar quem sou entre meus livros e espaços...

Quero terminar o Drummond na estante
Fazer tricô e reler Cecílias!
Preciso ir ao juizado, terminar o velho projeto,
Colocar as contas em dia,

Passar no Supermercado, comprar vinho ou sangria
Trocar em miúdos e trazer pão da padaria
Seguir meu roteiro, cumprir a velha lista de obrigações
Quero colher o frio da noite, o luar do norte e dos sertões...

Quero  a poesia nossa de cada dia, que salva do caos de existir
Preciso fazer arte e prestar atenção à ordem dos planetas
Fazer filosofia existencial e sentir que habito o mistério
Contemplar o voo de uma borboleta.

Fazer um poema novo, contemplar a estrela vermelha
Pode ser Vênus ou Marte, que folgueiam o céu – em centelha.
Ver Setembro chegar com seus adocicados sabores
Celebrar a maré do Amazonas, que dança ao sabor do cio das flores!

#

Bye,Bye, Agosto - que até foi bem rapidinho.
E chega o Cio da Primavera no Equador.

LUZ!

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Tábua de Maré




Bem que amanheceu maré cheia
E o Amazonas lindo brincava com a manhã
Mas o tempo mudou, no instante
Logo será vazante,
É a tábua da maré...

Não brigo com Deus por isso,
Apenas navego o olhar
Deixo o poema ir...e voltar
E dançar, feito onda
Espero a preamar 

(Vai chegar)

Faz tempo que já não brigo com Deus
Por quase nada! - Deixo o tempo soprar...
e solto meu velho caderno de certezas
pois o vento muda até o formato das pedras
Da Fortaleza...

(Sigo a respirar)

E eu respiro com o tempo
Seguro em suas mãos, no afã
Vou com ele e a maré, sigo para o amanhã
E espalho pétalas no verso do segundo
 enternecida e grata

Pelas cores que brilham no mundo.


 #
LUZ!!!

domingo, 19 de agosto de 2018

Elixir Paregórico (Ensaios sobre a dor)


Uma das lembranças mais doces de ser criança de uma cidade do interior do norte é a alegria e o contato íntimo com a natureza e a sabedoria mística que envolve as coisas da floresta.

Coisas como Chá de Cidreira para cólica e sono de criança, erva doce e hortelã para digestão, mastruz para vermes, enfim…tantas ervas e raízes! Tive mais contato com este tipo de remédio do que com fármacos, propriamente. Conto isso com grande alegria e pretendo que, se Deus permitir, transmitir esta sabedoria de avós a netos, vida afora.

Outro remédio que minha mãe costumava dar era um líquido profundamente adocicado, enjoativo, para tudo que era doença ou male: caiu, ralou o joelho? santo elixir misterioso em ação. Dor de cabeça para não ir para a escola? dor de barriga sem febre? santo elixir! Muitos anos depois, soube que era água com açúcar. Ao que parece, muitas vezes, fui curada através da medicina mais profunda que uma criança pode receber: palavra de mãe de que a dor vai passar.
Meu pai, por outro lado, era cheio de frascos diferentes, do tipo que raramente vemos hoje. Como por exemplo, o ‘delicioso’ elixir paregórico, 40 gotas que curavam TUDO que uma criança ou adolescente pudessem contrair. Isso trouxe a lembrança de que Rubem Alves, uma das minhas grandes referências literárias nacionais, escreveu sobre memórias e remédios de infância em uma crônica (do qual esta provavelmente é filha tímida), que fala da saudade do gosto ruim do Elixir de Nogueira, remédio que tinha gosto de peixe e do qual tanto sentiu falta. Rubem ainda rememora que a expressão elixir é de etimologia árabe, interligada ao conceito de Alquimia...

E a expressão ‘panos quentes’? aprendi depois de adulta para que servem (Ufa!). Aliás, sobre a dor, minha so(l)brinha, tinha receios diferentes dos meus. Ela não temia o instante, mas sim o medo de não sarar.  Chorava pedindo para ‘tirarmos’ o dodói dela…ah! Quem nos dera se Deus nos tivesse dado o santo poder de sermos heróis de nossas crianças…

Infelizmente ou felizmente, o tempo nos alcança e quanto mais corremos, mais ele passa. Hoje há comprimidos para solidão, tristeza, insônia, coração partido. Farmácias crescem e se tornam cada vez mais essenciais à rotina das cidades.  São os estudos e a evolução de outras formas de compreender o mundo, essenciais à melhoria da qualidade de vida, mas confesso que sinto saudades da sabedoria simples que a tudo curava.

Confesso que ainda tomo chás, alguns do jardim, alguns de espera (ah! paciência!), outros de sabedoria,  paz…outros em sachê, quando a pressa não deixa ir à feira maluca, ou quando a vida acelerada me distancia deste hábito tão bom que é sentir a delícia das ervas frescas...

É que mora em mim a mágica daquele elixir adocicado e das 40 gotinhas que curavam qualquer dor, de caber dentro do colo dos meus, num abraço apertado que ainda garante,  dentro do meu peito, que para meu grande alívio, tudo, qualquer dor … vai passar!

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Descoberta



É preciso se reinventar...
Criar nova beleza, 
Estradas nunca antes vistas!
É preciso arrebentar o coração de tanto bater...

Aguar o tempo com lágrimas
Sentidos,  suores, excrementos.
 Um festival sentimental na tela de um palco interno:
Não se contentar com menos, é preciso.

Sustentar a própria alma
sem falsetes ou suportes
Fazer a própria pele
Seguir e suportar os cortes....

Descobrir e degustar sem medo
Ter coragem e muita ternura
Ser o grande  artista, herói e vilão
E o autor da própria loucura!

#



Escorreu do poema:

E, no fim,
Ser digno da alma que Deus me deu, Pessoa
Deve ser isso: ser incansavelmente uma tola.
Não vestir moldes e sustentar a própria alma
rasgar roteiros e  seguir, dona da história.


*Republicado, porque ainda é exatamente o que penso/sinto da vida.