Boas saudades de colo de menina
Casinha na árvore, primeiras Cecílias, Clarices
Universo fantástico da poesia!
E aqueles  doces olhos cinzas...
Primeiro dia na escola, primeiro gibi
A primeira espera ao fim de um dia!
A doce alegria de voltar, triunfante, para casa
As coisas que cabiam em meu pequeno par de asas...
O Sol amarelinho e o céu da amarelinha:
Elástico sagrado da meninada em plena avenida Santana!
O céu estrelado e a janela aberta
Os 'comedeiros da noite' e aminha incrível infância...
Os olhos do meu tio, depois da partida da baralho
Afetos inteiros em meio à realidades entrecortadas
Andar de bicicleta, levando na garupa uma flor
Quem viajou comigo no tempo, pelo poder do amor.
Depois,  aprender a chorar como gente grande:
A primeira dor de amor e o  sentimento bruto de que nunca vai passar
O medo do futuro que, porque a vida é sábia,
Sempre virá...
Caminhar, existir para si!
Descobrir que todo mundo é herói e vilão de seu próprio universo
E que a fragilidade de existir, às vezes, machuca sem querer
Aprender que pedir perdão e perdoar faz parte de ainda saber voar
Depois de crescer...
Permanecer doce! Mesmo quando a vida é desleal
Honrar aquela carta da Alcinea à estrela azul,
Que, por ter palavras tão certas,
Parafraseei e enviei a papai em um dia comum...
Ser generosa, pois os tempos são duros 
E cada um de nós traz as marcas da sobrevivência
Por isso, edificar realidades bonitas
Valorizar experiências como parte de um plano supremo
de bondade e alegria...
Soltar os nós apertados
liberar o último fio que me prendeu
Limpar as asas e alma plena
Para o bonito voo que Deus me deu!
Perguntar todo dia, feito o  conselho de Maria Ester: 
'O que vamos amar hoje?'
E nisso, derramar meu coração!
Sentir mais maduro meu verso
E a estrada que trago e faço
Pela palma da mão...
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