Sorri abertamente mexendo naquelas fotos antigas. Nostalgia é coisa engraçada: traz para perto de nós as memórias que encaixotamos, por excesso de bagagem n´alma. Como se nos transportasse e nos fizesse 'visitantes de nós mesmos', em outro lugar do universo. A foto-grafia escreve por nós aqueles pedaços de história que não demos conta, por excesso de sentir. Ou porque...simplesmente não era preciso.
Ele sorria com um enorme peixe. Ele me colocava no colo na roda-gigante. Ele fazendo festa no meu vestibular..."Alô,alô, papai..."..."é particular, é particular..." , o menino da beira do rio que estudou em todas as escolas públicas e fez a maior festa pela minha particular...
Havia alguma coisa de muito terno em não querer que eu passasse pelas mesmas provações, embora incentivasse as minhas lutas e a minha responsabilidade interna em ser pessoa, sempre.
Ele, abraçado ao meu irmão,aprendiz de pescador. Ele,domingo e canções do Cartola.
Ele, teatro e peça infantil. Ele, formatura da irmã, sorriso de criança.Ele em sala de aula, ofício. Ele e sua luta, sempre por trás do olhar cinza inquieto, prata derretida para o meu universo."O mundo é um moinho",mas o bom do mundo...não é o que mói: é o que surpreendentemente fica.
O tempo bate à porta e, curiosamente, abro bem tranquila, Nana. E agradecida da visita. Adocicada de ternura e paz.Porque as novidades que tenho o deixarão orgulhoso , certo de que fez o trabalho como deveria e que, a lição de casa - vida- é ainda a minha melhor tentativa, sempre com a herança da integridade que ensinou. E porque aquelas fotos bem antigas me dizem...que a poesia permanece linda, como o verso e o verbo, e o dom supremo, através do tempo...
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*Republicado.
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*Republicado.
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