segunda-feira, 17 de julho de 2023

Ato Inaugural





 É de corte
É de plantio
É de água, terra e ar
Veja, meu bem:

A vida nasce sempre 
De um ato inaugural iluminado e prazeroso
No calor e liquidez
A semente vira fruto vigoroso...

Então, não esqueças, meu bem
De ser feliz no agora
Quando a chuva vem e traz esse vento molhado
Esse tempo equatorial tão amado

Esse cheiro de Amazonas
Que só os filhos do rio sabem sentir...
Caminha, progride, 
Avança ou...aquieta e conforta:  

Lembra que somos animais sentimentais
Em tempos de alucinada (des) associação
Liquidamente modernos,
Com instintos seculares

...De tempo a sangue: 
Somos mesmo tão vorazes por alguma emoção...

Mas, 
Não percas o sentido disso aqui:
Ou corres o risco de viver em pleno 8o andar
Imerso em (in)existir!

Também não se percas no enredo
Não aches que tudo é risada
Afinal, mesmo alegre,
Chegaste com uma palmada...

Ame, perdoe: Doe!
Nada que arranque teus pedaços 
Apenas multiplique seu amor
Ou diga a - Deus: A(colha) , (re) colha 

Transforme ...

Corra para os seus:
Não são nem as melhores e nem as piores do universo
Nessa etapa, ninguém é super- vilão ou herói
Mas é bom saber com quem contar quando a vida dói...

E se eu pudesse te contar um segredo
Um mistério simples e secular
É que o agora não se repete
Para o bem ou para o mal:  

Isso tudo vai passar...

Viver é anacrônico: O relógio não conta!
Tudo que vale existir está presente desde o ato inaugural
Amor, Paixão, Prazer, movimento e luz!
Liquidez que o Universo reaproveita

Veja: Mesmo teu corpo, meu bem
Veio da poeira de uma antiga estrela...

#

Em algum lugar do Universo desta lua que não dorme, há uma versão politicamente incorreta desse poema.  

:P


LUZ!

segunda-feira, 10 de julho de 2023

Poemas sobre os tempos (Republicado)


As flores das palavras murchas...Resistem!
pois há sempre há perfume em nós!
Da crença, da poesia, dos dias belos e da ternura - sem armadura!
Mesmo quando o dia cai, cinza e sisudo

 - O coração da poeta hoje é um canto mudo...

Tempos de delicadeza resgatam,
aguardamos chegar...será?
 botas ideológicas pisam em nome de uma falsa glória
de quem não conhece sua própria história...

São tempos difíceis para sonhar, dizia Amélie.
Aqui, o medo é self service do jornaleco sensacionalista do dia
Alheio, o  poema sabe que precisa ser porta voz dos tempos
não é momento de apenas observar...

Sentada na calçada suja de flores que reguei, lembro de meu  pai...

E quando falamos pela primeira vez em bondade
e também sobre a longa lição de honestidade
 como fruto dessa raiz,  coloco para fora
tudo aquilo em que acredito:  Não se preocupe, pai:

 eu RESISTO! Sempre resistirei...

E faço o certo mesmo quando não tem ninguém perto
ou quando é o caminho mais comprido
e o meu gemido, deposito aqui, no chão dos tempos
-Será que o relógio sabe mesmo sarar nossos medos?

E se for porta voz da confirmação de nossas projeções?

E se ter razão for justamente aquilo que nos mata?
Ser pessoa em meio a portas com eira e beira
cuidadosamente enceradas e fechadas.
(guardadas por botas ensanguentadas)

Ter um coração de sangue é um perigo!
Mas nada faz mais sentido do que sentir e tatear a existência
Do que experimentar o sal e o doce de ser gente
estrela cadente...que do carbono, fez matéria e milagre!

Somos uma espécie de arte na galeria do Universo...

Não sei para onde a vela vai soprar o barco da nossa história
mas sei que o movimento é perfume marcado na memória
Sempre foi, sempre será aquilo que mantém o coração de pé:
Amor - verbo intransitivo - coração quente...

e fé!

#

E as desigualdades celebram nossa estupidez...e parece que todo mundo celebra o que desconhece...violência, poder, o engole-cospe vidas se repete
Apesar disso, as flores que resistem aos dias. Vivem de parir a beleza do instante. Depois...fluir...ir.
A missão é aprender com elas. 
A mi
* Este poema foi publicado originalmente em outubro de 2018.

quinta-feira, 6 de julho de 2023

Excertos Terapêuticos

 Eu não sou perfeita
Não, eu falo palavrão quando corto o dedo
Tenho o lábio torto e o coração bolorento
- Faz século que suas batidas não tocam uma canção...

De tanto ver o que ser pessoa é capaz
Tenho medo...acordo o dia com um pai-nosso
Para perdoar e esquecer
E também para que me proteja de me ser...

Afinal, eu não sou mesmo perfeita
Perdi o medo da luz e da escuridão
Tenho mais medo da bandeira nacional que de cemitérios
E não acredito mais em bicho-papão...

Nas lições de Bel,
 Não mais aceito que me apontem a luz do sol
Pois aprendi que meu coração é um bom farol
O certo é  que me parece coerente e bondosa comigo

 - Afinal, eu também sou gente-

Mas, não quero ferir ninguém deliberadamente
Solto uma a uma as pedras de minhas mãos
Abro espaço para as flores habitarem onde havia feridas
A vida assim é mais leve...mais plural, arejada, bonita...

Hoje  só quero das pessoas o que puderem me dar 
Caminho para chegar onde  for confortável  e feliz - bem- amar...
A casa que habito, enfim, organizou espaços, amores
 perdeu o medo da chuva, recuperou infiltrações

E hoje perde o medo e abre as portas à novas emoções...

#



segunda-feira, 3 de julho de 2023

Conversa com meu Pai (Parte 3)




Os anéis de saturno ainda estão lá...
As mangueiras da Coriolano permanecem
O tempo levou o Jucá mais pra perto da Padre Júlio
E ainda está lá, encoberto nos muros do antigo CCA,

Uma saudade...

Eu ainda sou eu, sabia, Pai?
Ainda digo não pras coisas erradas dessa vida
Ando mais calma, no direito sagrado de te amar
Mas, sem exigir do Universo o que não puder me dar...

É, Pai...

Eu quero de cada um só o que puder me dar
Da vida, com esforço, sonho e doçura, busco mais
Pois quero que da tua sombra e do teu fruto
Venha para o mundo ainda mais amor e cheiro de jasmim

E sobretudo, quero te dar paz, sempre que pensar em mim...

Já não se fala mais em Presidente Sarney, sabia, Pai?
E isso me recorda que o poder é uma ilusão
Mas ainda se fala em Capi e Waldez, papai querido
Porém, gente nova  vem trazendo mais daquele sonho antigo...


Não sei se saio daqui fazendo alguma diferença 
O mundo é mesmo um tão vasto mundo, José!
A gente se pergunta tanto 'e agora'?
De repente a gente chega e, sempre num susto,

Vai embora...

E por aí, José? Como vai viver?
Já tomou um baré com o Madureira?
Já visitou os amores - aqui e acolá 
E foi pescar em alguma 'beira'? 

Há tanta saudade...nem sei dizer!
Faz uma eternidade que não me buscas pra almoçar
Faz um tempão que não tocas a campainha
Não vens com o pão ou me chamas pra lanchar...

Faz um tempão que a gente não ouve Chico
Não debate a matemática inconclusiva de existir
Ou eu te inquieto por algum filme ou quem sabe, um Pessoa
Ou a gente não foge da civilização

E fica em paz dentro de um rio ou uma lagoa...

De tudo isso, Pai,

Fica uma saudade que se alonga nos dias
Se dilui um pouco mais ou se adensa no decorrer das emoções
às vezes, até mesmo sem motivo
- O coração tem suas razões...

Bom, Pai...até breve!
O poema acaba e preciso aceitar
Que bom que nos une, sempre que a saudade vem
Esse elo que sagrado que a gente tem!

Bom, Pai...até breve
O poema relutantemente acaba...preciso aceitar
Se cuida meu pai, que o vento te leve!
E que Deus te abrigue, até te reencontrar...

#


terça-feira, 20 de junho de 2023

Digressões Inconclusivas sobre o existir



Pinto com giz de amor
As paisagens por onde passei:
Afinal, mesmo aquele espinho mais doído
Me trouxe até aqui.

Quem seria eu?
Quem esse eu seria?
Se não houvesse aquela lágrima
Com que fiz tanta poesia?

(Adeus, Anjo,
Saiba que sinto saudades dos dias iluminados do teu olhar...)

Parece que, afinal
Nunca saberei qual foi a página virada,
A dor produzida, reproduzida ou partilhada
Que me fez me ser justamente quem sou...

Visto com amor e bondade
Meus erros... e confesso
Vou a terapia  cuidar dos erros aleatórios da caminhada
Afinal, tudo é jornada!

- Para mim, para ti, para nós...

Cuido do meu coração machucado,
Afinal, esse é o único espaço em que posso reinar
O mais, é da vida: Ou sangra eternamente
Ou dá de, finalmente, sarar...

Da mente, mantenho aberta
Certa de que é impossível estar sempre certa
Afinal, há tanta multiplicidade!
A vida, afinal, não tem setas...

- Que pena também, não ter cortes - como disse Medeiros*
Mas afinal, será que não tem?
De repente, a gente vira a estrada
De repente, nem estrada tem!

#
* Martha Medeiros diz:

"A força de um ato
Dura o tempo exato
Para ser compreendida

Depois disso é bobagem
Vira longa-metragem
Por acaso estendida

Fora o essencial
Nada mais é natural
Vira apenas suporte

Pena a vida não ter corte".

terça-feira, 13 de junho de 2023

Acordar o Sonho!



Dá trabalho acordar o sonho, meu bem
Noites em claro, tempo inquieto
Dá trabalho concretizar o idealizado
Mas, por outro lado...

É doce o tempo de ver acontecer.

Cansa a alma, meu bem
é de enlouquecer
Formular dentro de nós, conceito a conceito
Um leque inteiro de escolhas...colher, re-colher...

Dá medo, tanto medo!
De travar os joelhos
Mas, imobilizar jamais
A gente não corre, mas também não pára...

(Não, não mais)

De tudo que fica, resta um adocicado na boca...
Sabor de suor, de lágrima e saliva
tudo que desaguamos no ato de tentar!
A tentativa, meu bem, é o que nos levar a chegar.

(Attraversiamo!)



* Este poema está guardadinho para o dia em que eu realizasse uma etapa importante de um sonho antigo. E agora segue aqui, porque literalmente é da vida acordar os sonhos!

segunda-feira, 5 de junho de 2023

(Conversa) De Contar Estrelas


 Eu, que já não 'atiro tanto'
Eu, que já caminho calma
Eu, que fico poesia
Ouço a ventania  e embalo à luz de uma lua calma...

Eu, que aprecio o balançar da nossa rede,
A nossa paz, a 'nossa alma'
Longe de fórmulas prontas e coisas pré-vistas
pré-textos, pró-gramas

 - Amores ou coisas repetidas -

Eu, que já encaminho o dia
Dou passos mansos até a noite chegar...
E que nunca fui fã de ouvir cantigas
Paro meu verbo pra te ouvir cantar

Parece até que já não é só sobre o tu e o eu
Mas como chegamos um ao cais do outro
Travessias desencontradas, quase nos perdemos
De tanta maré cheia, gente e neblina

- Mesmo o melhor marinheiro acaba enlouquecendo-

Que bom que 'nos' acontecemos
Assim, hoje, agora
Quando sou tão melhor para mim
Quero tanto te contar dos infinitos

Das estrelas cadentes, das luas acesas às madrugadas
e ouvir tua voz narrar a tua jornada...
Felicidade simples, que a gente nem projeta
Só sente, respira macio...e vive.

#

sexta-feira, 2 de junho de 2023

Benjamin Button



Depois dos anos idos,
Das mágoas findas
Do insondável que liquidificou
Tenho um coração mais puro, meu senhor

Depurado das coisas que não me cabem,
Sou toda sonhos de amanhã, aliado a uma boa realidade
Dias claros que se transformam
Em tempos amenos...

Ainda gosto de intensidades, sabe?
De beijos molhados 
Amor com sabor de bem-te-quero tanto
Das delicadezas e encantos de ser e partilhar...

Ainda gosto de intensidades, sabe?
Café forte, gotas de chocolate
De tannat a cabernet, uma bela canção
As coisas todas de ter o calor equatorial dentro do coração...

Mas é dessa alma nova,
Desse espírito que não deteriorou
Da roseira que ainda dá flor
É dessas coisas que quero te falar...

É dessas coisas, sabe?
De gente que sente ainda as horas, os segundos
Que ainda acredita em pequenas doçuras e milagres
Que tem coragem...esse colorido que dá no coração
E ainda olha para o céu...ainda sente a própria pulsação...

#




quinta-feira, 25 de maio de 2023

Notas sobre o fim

 Não me 'fira'
Vou eviscerar 
Rasgar pedaço a pedaço o verbo
Analisar qual foi o 'ai' que me pariu a dor

Depois, vou me curar, longe do caos.

Não me 'fire'
Eu vou incendiar Roma inteira
"Até tu, Brutus?" - também direi
Mas, ao contrário do imperador, eu apenas sararei...

E seguirei.

Não me 'fite'
Me enxergue, toque, pergunte quem sou
Eu sou bem literal, palavra bem cheia 
De um sentido real, natural...

-Só se assuste se eu calar -

Se desistir de insistir...deixar pra lá
Até nisso, eu sou  de verdade
Não, não sinta saudades
Se eu deixei de existir na nossa realidade

- É porque ela já não existe mais...

E assim, nem tempo perdido e nem remoído:
Tudo muito bem vivido, só assim faz sentido tantos ais
- E do nosso epílogo sem canção:
Apenas 'Aqui Jazz'.




Luz! # 

terça-feira, 9 de maio de 2023

Prece



Desaprendi de rezar
Quando escrevi o primeiro poema 
Tinha cinco anos e fui tocada 
Pelo burburinho do Rio.

Nós, filhos do tempo equatorial
Falamos com estrelas ,o uivo do vento
A chuva e o céu coalhado de cinza
Dos Dezembros...

Confesso, hoje sei poucas rimas
Daquelas que aprendi  na infância.
As canções me tocam mais,
Feito o abraço de papai...

Então, quando quero falar com Deus
Estendo a emoção para o céu!
Agradeço as coisas pequenas,  cotidianas 
E deixo em suas mãos amáveis mãos o futuro...

Não advogo a exatidão de meus sonhos.
Quem sou eu para duvidar de v. Infinita bondade? 
Apenas peço  perdão pelo eterno desassossego 
E até, quiçá, por sentir medo...

Agradeço a honraria da existência, 
Por meus amores, pequenas estrelas 
No céu do mistério-existência 
E assim...sigo em paz

 Cheia de sua Presença!

sábado, 15 de abril de 2023

Dignidade


 Alma. Alma!
Essa é a minha oração
Nada mais precede o verso
No caos da criação.

As coisas têm alma?
Têm alma a mão que afaga?
O verso tem o afago?
Quanto eu deixo? quanto trago?

Alma é consciência?
É o que sai, quando o corpo falece?
É a essência do café matinal?
É o beijo de amor real?

Alma és tu,
Deus?

Sou eu, feita da poeira cósmica
Pela tua vontade e imagem?
Eu sou um conceito dogmático que impõe ao Universo respeito?
Alma é a essência, então, do Direito?

A poesia, sempre tão macia, responde: "Os lírios não nascem das leis..."

Alma é atributo humano?
Então os peixes não têm vez?
Como podes dizer isso, pessoa?
E viver numa boa mergulhado na foz do Araguari...

Eis-me aqui, neste ensaio:
 tudo é alma. 

A desconexão é a mãe da crueldade
Somos infinitos entrelaçados
existenciais coabitantes de um planeta que pulsa
dignidade...

Por isso está em paz
E bem coabita
Toda mão que dá a outro coração 
A condição de também ser.


#

quinta-feira, 13 de abril de 2023

O beijo! (De bem-te-quero-tanto)

 

De tanto acordar com o despertador
Usar relógio, subir pelo elevador
Por pouco, amor,
Não prendi os pés do poema no chão de concreto

(E o poema, assustado, calou)

Pois, Tu sabes, benzinho,
A poesia tem quês de céu:
Não aceita ordinariedades elegantes
é clichê, bem breguinha: pura sensação...

O verso carece de sol e de lua
Dia de maré alta, tempo de chuva 
Beijo na boca, paixão molhadinha
De bem-te-quero (tanto)

Sem frio na barriga
Não há dicionário que risque e acenda
Um trago qualquer de poesia!
Mas, para minha alegria

Teu beijo me aconteceu, 
Uma lua acendeu
O tempo correu
E parou p´ra nos ver

E parece, benzinho,
Que é esse o teu efeito colateral:
Tira os meus pés do concreto, derrete o poema
Tempera o meu sabor com o teu sal

E assim, eis-me aqui: bem poeta, 
bem boba de palavras de bem-te-quero (tanto)
Cheia de tesouros do cotidiano para te contar
Depois que a noite chegar

 E gente enche as marés da lua cheia (*****)
O Amazonas é pouco pra toda liquidez desse querer
Dessa emoção!
Coisas de paixão...coisas de paixão...




quarta-feira, 5 de abril de 2023

Ensaios sobre o Amor


 
Se é tão raro
Aproveito domingos
Rezo às manhãs
Aos anjos da guarda...

Amo-te na frequência 
De um som macio
Que silencia pleno
Ruído rosa do meu mundo in blue...

- Ciente do milagre,
Hoje sou ainda mais amiga de Deus... - 

Ciente da efemeridade
Aprecio a delicadeza do segundo
E sei que já não é verdade
Que nada é eterno nesse mundo

Depois que tu vieste
Encher de poesia o chão da sala
Dormir no meio da cama
E me beijar às madrugadas

(Sabe, desconheço menos do amor
A casa passo teu...)

<3 



terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Simples!

                                                   

Simples como a chuva que cai:
Líquida e estelar.
Era para ser, ainda não foi...
Fenômeno natural, conjunção bioquímica

“Ainda é cedo, amor...’’
 
Mas se quiser vir, venha
Brincamos de colorir estrelas
Ver chover cometas
Psicodelia passional...
 
Que sorte encontrar um louco para contemplar
A luz da estrada!
Os loucos, meu bem, salvarão o mundo
Da assepsia dos aflitos por racionalidade
 
Afinal, sabemos segredos
Íntimos demais para serem partilhados
Com eles
Que estão doentes de uma ciência sem paz...
 
Mas,
 
Não me faça chorar,
Somente às madrugadas, quando me amar
E tua alma  dançar para mim
Sabe, eu te quero assim,
 
Como és
Sem contos de perfeição
Bruxas e fadas soltas, mágicas
Milagrosamente salvas pela nossa emoção...



terça-feira, 22 de novembro de 2022

38





Tiro-ao-alvo
Eis-me aqui:

Depois,
De caminhar em direção ao infinito 
Eis que chego finalmente 
(Em mim)

Redefinindo passos e prioridades
Minha própria textura e densidade
Recriando espaços
Bem no coração...

Às vezes, dá um cansaço
Noutras, tanto entusiasmo
Pois enfim, eis que estou aqui
(Presente)

Tiro e alvo:

Sem pele e coração dormentes
Sensível à brisa e ao cheiro do mundo
Primeiramente,
No ato de ser própria

E imprópria (Quando eu quiser)
Com a o sorriso inteiro
E o coração, 
de pé.

Desperta, amando a pele que habito
Finalmente sinto
Que não ando só
E, cada vez melhor

Priorizo minha própria sanidade
Meu riso, minha mocidade
E quem me dá o direito de viver
A delicadeza do Universo

- Pois já não me cabe o re-verso.

E assim, quero por perto
Só quem bem-me-quer com a força da ação
O resto, a vida leva,
 feito o tempo e a maré

(E a isso chamo 'Estar são')

#

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Dos Aprendizados

 
De tanto amor, de tanto ser,
Aprendo a convergir silêncios,
Apreciar doses menores de doces venenos,
Viver mais manso deve ser assim...

(Tem dó de mim, tempo,

Leva tanta vida para aprender a ser simples...)

De tanto querer e procurar
De revirar minha própria caixa de pandora
Eis que enfim, me tornei Senhora
Dos meus mistérios...

- Pelo menos daquilo que, até aqui, se revelou a mim-

Nadar em meio ao rio de se ser
Dá um trabalho danado!
É que é mais simples se entorpecer
Por isso, atenção, cuidado...

Cuide de sua vaidade,
Cuide da sua auto-importância
Para que nada fique tão grande a ponto de fazer sombra à luz alheia
Ou tão pequena que precise do brilho de outra estrela...

Antes, sejamos despertos, 
Vibrantes e atentos ao conjunto
Pois convergimos todos para um mesmo fim, afinal
E assim como o açúcar precisa do sal,

Somos complementares,
Irmãos de caminhada,
Moradores de uma mesma aldeia,
Ainda que em tantos lares...

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Nude



 Sou do dia,

De chuva fina que deixa o dia cinza,
Da rede que embala sonhos no jardim
De coisas cálidas, nada pálidas
Emoções sem fim...

Sou das madrugadas,
Do vinho na taça e Bethânia rolando sob a brisa do Amazonas
Sou molhada de chuva, quente, bicho equatorial
Faço da minha loucura plácida o meu carnaval...

Sou estável e de repentes
De regar as flores e plantar sementes
De sair, quando a hora chega, sem olhar pra trás
Sou de palavra que não torce, de curvas, de silêncios  

(e busquei coisas de paz...)

Leva tempo dar conta de tudo que sou
Confesso, Moço:  
tem muita brisa de amazonas, 
tardes quentes sob as pontes de igarapés...

Tem verso de Belchior e inconformidade de Raul
Gritos de Elis e verbos de Caetano
Uma MPB maluquecida de rock and roll 
Que dança ao som de um blues...

Não tô procurando nada (Será?)
Mas só venha se for pra dar tudo
Eu não entretenho em 'meios-calores'
Nem em elos de versos mudos... 

Por aqui, a feira é maluca
Tem sabor, tempero e cor
De tudo um pouco trago nessa caravela emocional
Um regatão amazônico cheio de tempero, sabor, açúcar e sal...

#


De um papo muito legal sobre identidade, mistura e sonhos. :)

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Pipoca Flor!




Do teu riso de criança sapeca,
Das coisinhas espalhadas pela casa:
Do quentinho com que me abraça...
Parece um anjo, com toda sua graça...

Uma flor, uma doce menina,
Uma rosa, uma pipoca
Uma coisa linda
Quanta coisa posso dizer dos dias!

Mas nada se compararia
Ao milagre da tua vida...
Minha menina.

Menina dos olhos do Pai,
Todos os dias a graça do Senhor me alcança
Por teus olhos de imensidão, 
mar azul que dança...

E nada mais posso dizer que fale ao certo
O coração é quente e feliz em te ter por perto
Nesse mundo incerto, 
Minha alegria dança junto de você...

#

Para a menina dos olhos de Deus, o meu amor in blue! <3

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Paz!



Não, não vamos dialogar com o absurdo:
A toda forma de dor,
Deixo esse poema mudo.

Aqui, quero falar das palavras lindas
- Aquelas realmente essenciais -
Amores, amores reais:
Afinal, saúde é o encontro do externo com o interior...

Antes de tudo, declaro:
Não haverei de me adaptar
Serei luz, serei paz...
O resto, jogarei ao ar.

- Afinal, besteira mesmo é agir
Como se, ao final, 
Não fôssemos falar com Deus...-

E assim, de dia em dia
Quero construir meus elos - sempre tão reais
Ter tardes quentes de contemplação
Onde tudo é sobre...ser humana

aquecer...estar em comunhão...

Com meus sonhos e minha poesia
Com quem eu sou...cada vez mais
E só trazer de bagagem da existência
Na vida, o que me traz paz.

#