sábado, 8 de março de 2025

Ouroboros!




Letreiros, paralelas:
Linhas incertas, velhas novidades no jornal das seis
O tempo é mesmo um velho burguês:
Vende espaço para lucrar vida

Engole nossas cores nesses dias cinzas...

Tanta liquidez e tanta sede!
Robinson Crusoé  e Bauman entenderiam
Muitos ajustes convenientes
A fumaça no céu apaga estrelas cadentes...

Os dias correm e parecem brincar comigo
cada um nas linhas de um (im)próprio esconderijo
E eu não sou boa com labirintos:
Para decifrar, devoro-me...

É tudo culpa da disritmia
- Sempre dancei fora do tom, confesso
Cada vez que pensei entender, desfiz da realidade um elo
É falta de jeito, eu sei...

A vontade é tanta de calor humano real!
Mas, minha nau é pequena demais para tanto espaço
Só reconheço a métrica da rima formada
Por um bom abraço...

E nesse percalço, Ouroboros:
Letreiros, paralelas:
Linhas incertas
Velhas novidades no jornal das seis...

#


Alucinação?

 Hoje...ontem...este mês:
Já fui tanta gente: Deitei e rolei
Brinquei de letrinhas e redescobri o Brasil
Depois de tanto tempo esquecida do quão sou feliz
Empinei o nariz, olhei o céu chover: saí e dancei.

Lavei o corpo do necessário tempo dado à semente
Revirei os astros, vi uma estrela cadente
Tornei a ser poeta, a enluarar madrugadas
Só quem sente sabe...
o quanto isso faz falta!

Fiz mil coisas novas...que até nem deveria
Revi gente que alimenta, aquece, livra o corpo de ser apenas espectro!
Deixei de lado o sentido do certo
Cedi ao desejo: comi brigadeiro
Até doer a boca do estômago:

 - Mirei no hospital, parei no teu manicômio 
(Ah, como foi bom  mais esse conto!)

E bem nessa hora, no exato instante de a gente cumprir
O fatídico sinal do que é a nossa rima
Não sei de se por descaso, ironia ou sina...Acordei!
Perdão, meu bem, eu ainda não te vivi: 
Apenas te sonhei... 

#







sexta-feira, 7 de março de 2025

Originais!

 


Faz tua playlist em mim:
Eu sei dançar em vários ritmos, benzinho
Mas começa devagarinho, que depois de um tempo
o corpo dá de esquecer o passo

Me guarda no teu abraço: deixa eu reaprender o modo 'a dois'...

Me diz tua favorita do inesquecível Buarque
A gente rima nossa noite com vitrola e vinho
E diz a Geraldo que a nossa canção é a única do mundo
A mais original...

Nada programados, somos um sucesso!
Então: Um brinde aos improváveis elos
Desenhados no espaço dos horários vagos e despretensiosos
Sentir preguiçoso, macio, escorregou por dentro...ficou,

Sucesso discreto na raia das paixões: 
Digitais e pegadas...taças e lençóis
Clichês musicais: somos a mais pedida!
Não deixa nada pra depois:

Deixa eu reaprender o modo 'a dois'...

#

Ah...amigos: Apaixonem-se mais! A poesia agradece. E o amor - tão afeito às 'inclinações musicais'...também!!! <3



Impregnada

 Eu me impregnei em ti:
Foi de propósito, amor
Foi só pra te dizer que o meu beijo
Tem aquele cheiro com toques de sabor

De incenso e flor...

Foi de propósito
Que bem marquei teu travesseiro
E deixei os meus cabelos
Enrolarem-se nos teus...

Para depois do adeus
Deixar pedaços tecidos no invisível - tão indizível
Das tuas paredes e narinas
Só pra tu saberes que eu sou  fina

Até mesmo ao partir...

Confesso, são tolices de afeto:
 
Foi pra sentires saudades 
Mas também para ficar um pouco mais em ti
Como um segredo bem guardado na memória
De que tão bem-te-quero...

(Mas presta atenção, meu bem:
- Eu não te espero)



#

*O poeta é um fingidor...mas também um bom 'emprestador' de realidades...de uma história fofinha que minha mente desenhou, pois foi contada de modo tão meigo...e a canção da Luísa  veio aqui porque é apreciada por todas as pessoas deste 'retrato'. 

Ok, Chico é um bobão, na realidade. É uma pena. Mas a obra   'Chico' tem muito mais significado: lembra que todo mundo merece ser DOIDO DE PAIXÃO por alguém. E também recorda que a paixão é coisa muito perfumada: Impacta, impregna...mas segue o 'flow', não espera: festival de efemeridades.


 :)

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

(Re)encontros



Cápsula no espaço: Movemo-nos
Na velocidade incompleta das coisas frágeis:
Viver é coisa muito louca, amigo
A gente nasce e morre vez ou outra.

Cientes ou não da nossa elementariedade
Buscamos explicação até para o inexplicável
Místicos e profanos demais para aceitar
A nossa (im)própria responsabilidade.

CARNE.

Ser gente nunca é igual, ainda assim
Não é fácil para ninguém, por que seria para mim?
Mas mesmo por ser tola ou mesmo insistente
Ontem, de bobice com o céu, vi uma estrela cadente

E senti toda a doçura que exala da palavra esperança...

Depois de dormir, me reencontrei comigo
Deu uma saudade da menina sardenta cheia de ideias geniais!
As coisas banais às vezes tentam quebrar o eu em mil pedaços
Tu sabes, eu sei, que ainda reajo...

A roda do destino gira e eu não fico tonta
Mas sigo lenta e feliz...tranquila com o que é e o que virá
Ainda capaz de coisas bobas
Como 'acreditar'...


E de ver o broto ganhar corpo 
sinto a alma rejuvenescer e a certeza exata
De que a vida é semente: vinga, nasce, floreia e frutifica
...cheia de tons, sabores, cheiros....

Por isso hoje, reconstruí meu castelo: 
Não existem bons ou maus elos, tudo é escolha cotidiana
- Ainda bem, amigo, que a terra não é plana:
A vida é mesmo boa, no dia a dia!

Nada se perde e, no revés, mesmo a folha que cai vira poesia...
#

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Apenas sigo...




 Eu não me perderia por nada, meu bem
Esse muito muito doido ainda não me ofereceu valor
A gente se modela ao sabor do tempo, é bem verdade
Mas ainda não houve vaidade
Que pagasse o preço do meu pescoço ao travesseiro
- Digo e sigo.

E eu durmo cada vez melhor e acordo ainda mais desperta
à vontade de ser assim: não recoberta em cera
Tola por ainda gritar de surpresa 
Pela torpeza alheia ou nas páginas de um livro
Esse mundo é muito doido, meu bem
E eu?...apenas sigo.

Diluir...diluir...até transmutar
Nesse espaço que aprendeu que a carne vale 
Talvez transgressor seja quem ainda sonha
Pois o  peso do vil metal que assola
Aprendeu a apagar na fina dose de um bom comprido...
E eu? apenas sigo.

Cest´la vie!  exatamente como ela é !- Diria Veríssimo.
Mas, apesar disso...resisto:
Ainda olho o céu e converso com Deus
Freio para borboletas e caminho aos fins de tarde
Num tempo onde a vida já não arde, repouso mais...
e apenas sigo.

E eu... sou de fácil afeição
Simples de perceber boa emoção
pronta para (a)colher, estendo a mão
Com o coração em paz e já capaz de entender o ininteligível
Sigo cada vez melhor porque eu sei que sou
Algo parecido com o que sempre sonhei ser...

(E ainda tenho mais coisas felizes a aprender)
#



segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Psicodelia Existencial




Qual o tamanho de uma ideia?
A métrica da alma?
Quais verbos e versos compõem um coração?
...Vivo, mas não por tentar entender!


Qual o peso da alma das flores?
Da terra, depois que bebe a chuva e exala o cheiro da interação?
A matemática da exatidão de sentir...de ser...
Imensidão!

Qual será a gramatura do Amazonas
Em tempo de vazante e  preamar?
 E depois dos sol da primavera equatorial?
...Quanto será o peso e a leveza de um lar?

Eu não voltei mais pura do Céu - Desculpe, Hessinger.
Sigo inquieta e, se vejo muitas portas abertas
Logo lembro que sou áries com ascendente em libra
E tudo fica difuso

Pois sou fogo que se move em pleno ar...

O segundo sol se fez em mim: foi a maior loucura!
E eu que achei que precisava de cura vi um monte de gente que se sente tão sã
E não vi diferença em nossos egos inflamados - é tudo afã, disse ao divã
...E cada um corre como pode, afinal.

Então,

Quanto será que custa uma tarde?
O amor e a admiração de um certo alguém?
O calor e o sabor da pele?
Porque tantas elos se fazem e se perdem?...

Vivo, mas não por tentar responder.

E talvez a resposta seja o nirvana - ponto de chegada
E talvez a explicação nem exista: Só a estrada!
Ou, curiosa e ambígua, a questão esteja
Quase na ponta da língua:


O prazer de ser nem sempre comporta sentido...


#


segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Comprimida*

 


Cada lembrança
Uma cápsula de purgatório, inferno e paraíso
Espaçados, comprimidos
Diluídas n´água...do existencial...

Mas, de tão real
Parece psicodelia
Que durma só (e quanta hipocrisia)
Diluída em líquido, sal e comprimido

Ei, não ouça estes meus gritos!
Pois são minhas as canções e os gemidos
Que carrego junto à caixa de sons e imagens
Divididos entre o tempo e a paisagem...

Dissolvo um pouco do meu ser a cada dia: menos um.
Fujo do óbvio, transgrido o senso comum
Acresço um tanto, implodo em partes:
Compactada no espaço da carne:
 Viver é arte.

E sou tão breve quanto o efeito vil do sono:
E morro o silêncio, explodo em poesia
Nas horas frias e inquietas em que abro o olhar
Menos compacta por poder sonhar! #


*Feita para um trecho da "Divina Comédia", pois Dante Alighieri...sabia descrever o inferno na multiplicidade do que poderia sê-lo. Não o recomendo para almas intranquilas (não devia tê-lo debaixo dos olhos hoje).Insônia legal, esta...a criativa. =)

*Republicada de 18.01.2015...eu amo esse poema. Por muitos motivos.

domingo, 26 de janeiro de 2025

Despretensiosa!

 



Feliz aquele que doa sem pedir ingresso
Ou restituição
Que entrega seu coração no que faz
Que sonha projetos de amor e de paz
E segue a vida sem muita pretensão...
É que o mundo anda louco, seu moço
Meio sem coração!
Sonhadores se disfarçam de burocratas
Pra viver debaixo de confortáveis casas
- E chamam a isso de socialização...


#

*Republicado, pois foi acessado. Luz,para nós, que não deixamos o coração na gaveta quando saímos para cumprir a missão.
Os que querem apenas a justa medida da vida, com suas paisagens bonitas, da janela...

Lie to Me às avessas (Filosofia do Boteco da Lua)



Senta ai, meu amigo/amiga, com quem compartilho essas letras longas, nessa estrada chamada vida. Desculpe a informalidade do convite. É madrugada e essa maluca aqui não consegue dormir depois de 'terminar' a série ''Lie to me'' e precisa conversar sobre a proposta do título e tudo o mais

LIE TO ME - Minta para mim!

Por motivos que nem sou capaz de explicar, esse botequim chamado vida real serve a gente de muitas formas de distorção da realidade: hipocrisia, fofoca, maldade...faces despertas de um lugar chamado mentira, que nos alcança, às vezes, vestida de credibilidade. É difícil ver além da máscara, não é?  Já diria Humberto: "visão de raio x, o X dessa questão é ver além da máscara"...

Li em Etimologia de Mentira – Origem do Conceito, que a palavra 'mentiri' vem do latim vinculado à mente ( que deve ter dentro do seu cabeção) e " faz alusão à construção de uma falsa realidade a partir de saberes firmes, considerando que toda deformação da verdade é uma construção da mesma''.

Então, como será que seria o mundo, se a humanidade não tivesse a habilidade do raciocínio silencioso, dessa construção mental interior, que pode ser deformada e antecede à palavra? Não, não falo da irracionalidade. O que quero dizer é, como seria as pessoas e a convivência no mundo, se não houvesse o poder de 'guardar para si'? Se a gente fosse só externo, se o ato de pensar fosse concomitante a 'dizer'? Ou ainda, que a gente até pudesse pensar em silêncio, mas não tivesse a habilidade de 'mentir'?

Eu sei, tu achas que cheguei atrasada nessa divagação. Afinal, a Comédia " O mentiroso'', com Jim Carrey, já tratou disso. Porém, veja, foi em uma perspectiva mais restrita, pessoal, onde apenas o 'mentiroso' perdeu a habilidade de 'esconder' dos demais suas atitudes, graças a uma espécie de magia, feita por seu filho, cansado de ser decepcionado. 

E se isso tivesse acontecido desde o princípio, com todos os seres humanos, como teria sido nossa evolução?

Bom, para começar, séries como 'Lie to me' não existiriam, o que seria uma tragédia (risos). Mas, sem brincadeira, provavelmente a raça humana não teria 'evoluído', desenvolvido nações, organizações sociais complexas, com fenômenos tão interessantes, ainda que ambíguos, como a política.

Li algo sobre a função social e psicológica da mentira. Fui resgatar, mas não encontrei, porém na web é possível achar alguns estudos bem bacanas e alguns até explicam e motivam a necessidade da mentira. 

Na língua portuguesa, o antônimo da mentira, adivinhe? é a verdade. Geralmente, na fala, associamos à sinceridade, cuja acepção da palavra remonta aos romanos, quando se dizia que uma peça de arte, não manipulada, estava "sine cera", ou seja, sem cera, sem falseamento do estado real. Particularmente, acho que é uma forma de integridade, porque demonstra inteireza.

Por outro lado, nunca conheci alguém que não tenha mentido. Certo que alguns com mais facilidade que outros. Aliás, minha dificuldade em esconder o que penso ou sinto, é frequentemente entendida como 'infantil'. Quer dizer, se o parâmetro de 'adulto' seja este, de agora.

Ah! a infância. Foi triste saber que as nuvens não são de algodão, que Papai Noel não existe, que a fada do dente não é real...e um alívio saber que um anjinho não vai soprar se eu fizer careta, que nada de mal acontece depois de meia noite (mas depois das duas da manhã, Ted, eu vou dormir!), que meu nariz não cresce, se mentir.  Enfim...as fofurices da infância, , que um dia alguém me contou, só para me preservar um pouquinho da vida, até que eu já desse 'conta'...que bom.
Já pensaste que as pessoas para quem menos mentimos são provavelmente aquelas que mais amamos?  é que quanto menos a gente precisa se esconder de alguém, mais confiança temos nela.  Aprendo cotidianamente que, quanto menos medo e mais verdade dentro das nossas relações, mais união. É que amor é construir pontes, não 'muros'. Muros isolam, foram criados para delimitar 'propriedades' e definir 'pertencimentos'. Pontes unem caminhos. 

Afinal, o mentiroso vive de migalhas da realidade ou, no mínimo, serve ao outro estas mesmas migalhas. Seja por impulso, seja por poder, afinal, a palavra dita pode ser um 'discurso' e uma distorção da realidade pode ser um mecanismo de manipulação  em favor de.
Como somos singulares, nos utilizamos do recurso de forma diversa, é claro. De todos, o mais perigoso para mim, é o perverso, que quer chamar o outro de 'maluco' por perceber a mentira ou que hostiliza o outro e se ofende por este não acreditar em sua mentira, que deveria estar revestida de sua imaculada credibilidade...Meu Deus. Que doidice.

Bom, graças ao fato de que não somos apenas 'externos' e temos a habilidade de fazer construções mentais e nelas, inclusive mentir, todos vão lidar com a responsabilidade desse dom que é viver, seja na espiritualidade, seja nas rodas tortas da engrenagem existencial, a bendita roda da vida.

Quanto a mim, espero que aonde quer que Deus esteja, talvez aqui ao meu lado, talvez colando vitrais com meu amigo Rubem Alves, em uma madrugada bonita como esta, que se sinta orgulhoso, pois não faço da mentira uma veste para me fazer 'mais forte'.  Aliás, nem creio que ela nos faça. Afinal, a vida, como disse o Velho Buck:  "she´s mad but she´s magic. Theres no lie in her fire'.

#

* Republicada, pois foi acessada. Mas ajustada, porque a editora achou que precisava.
* Este texto não é uma indireta digital (a moda do covarde moderno), mas sim uma divagação sincera sobre o papel da mentira na vida, feita após uma série que, para mim, foi sensacional assistir. Todos mentimos. Mas, pergunto: Sem o impulso da veste da virtude, que tipo de mentiroso é você?

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Reminiscências do Eu, que passo




Reminiscências do Eu, que passo:

Acho que já vi este rosto
Uma versão um pouco diferente
Alguém que já ri e amei
Em um outro espaço-tempo e moldura

Acho que já vi esta rua - a vida é tão anacrônica!
Esta esquina já teve flores
Nelas morava dona Florência
Que entre flor e essência já virou até crônica!

A gente tenta prender o tão precioso segundo
E vibra quando vive um deja´vu
Quando encontra um amigo de quem sente saudades
Nas dobraduras de um livro

Quando ouve nitidamente o som de seu riso...

Parece tão normal o mágico poder 
De tudo que acontece no dia a dia - a vida é sina!
Penso tão assustada nisso
Quando vejo o puro olhar in blue da minha menina...

Brindemos o agora: realmente!
O calor e o afeto de tudo que o peito sente
Porque a vida passa, o tempo vai - e vamos com ele!
Virar outra coisa dentro daquilo que já fomos 

Depois de divagar a respeito
Senti saudades de falar com meu velho
Sobre a arte da honestidade e o poder do belo
Coisas que fazem parte do que fui para encontrar o 'adiante'

Afinal, não é o tempo que passa
Sou  eu quem vou, no instante.

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Nunca perguntei para o mar
Porque as ondas vão e vem
Nem pedi a um vagão de trem
Para ir no avesso da jornada! - Interestelar:
 As coisas são o que naturalmente são!

Ou a gente segue o vento ou muda a direção...

A vida é feito morar em uma caótica casa
Com 7 bilhões de habitantes
E ver o coração se arrebentar de amor
Por umas 10 ou 20  pessoas na jornada
E compreender a efemeridade de não saber nada...

Ah! 

Mas os dez  ou mais corações
Pelos quais bate o meu compasso
Fazem valer à pena cada passo dado!
Por isso, bem disse a poeta:
Viver é ser quem caminha ao nosso lado...

Mas... é também os calos e o calor
De tudo que a gente sente ou doou
À esta imensa casa, nosso planeta!
Pois sei que vim, humana e imperfeita
Crescer, contribuir, servir...e amar!

Depois, voltar p´ra casa nas asas de um cometa...

#





'' Cada átomo de seu corpo veio de uma estrela que explodiu. Os átomos de sua mão esquerda provavelmente vieram de uma estrela diferente da dos átomos da sua mão direita. Essa é a coisa mais poética que eu conheço sobre física: vocês são todos poeira das estrelas'' -  L. Krauss

*Frase republicada de 01.01.2016.
*Poema republicado de 18.10.2018, pois foi escrito depois de ler "Cosmos", do Carl Sagan, e provocar em mim  a doce "wave" maluca de existir tão pequenina, em meio a proporções de 'espaço,corpo e tempo '  tão imensos e plurais!


LUZ! -  e caos das estrelas, de onde nasce toda a vida.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Premissas



Para a formiga,   pingo d´água é tsunami! 
Passo pode ser pequeno ou largo espaço vencido pelo corpo...
A bilhões de anos-luz, do Cosmo,  Terra é grão de areia!
Poeira Cósmica Iluminada por uma pequena estrela...

Lágrima pode ser mar que sai do peito,  tempestade que se vai!
Então, o que será que tem tamanho...senão a nossa percepção?
Longe pode ser a 2 centímetros e 'eu te amo' pode ser 'até mais'
Canção pode ser blues ou jazz, 'te cuida' pode ser 'tanto faz'...

- O que será que faz sentido, senão o que o coração traz?
Abissal, a vida é assaz: Não responde! - simplesmente acontece.
Ontem é o amanhã do anteontem, verbo perfeitamente conjugado
 - O que será que é o  tempo, senão o correr do espaço em movimento?

Do big bang do milho nasce a Pipoca,  da dor ostra nasce a pérola
Se nada jaz,  o que será que tem formato... senão a nossa percepção?
Viver é qualquer coisa entre a última rima e o instante seguinte da emoção
E a gente, amiúde, tenta entender:  mas é sempre mistério, poesia, métrica...

ou abstração!


#

*Republicada. 

Da leitura de "Cosmos", do Carl Sagan, paranóia surgiu e ganhou asas, pegou emprestado Rubem Alves e  uma doses da estética de Isnard Lima (o Bukowski amapaense)...e voou (risos).
De longe, minha melhor leitura sobre o Universo nos últimos 2 ou 3 anos. Livros...sempre paranóicos. Por isso, aprendo cotidianamente, que  preciso rotineiramente desaprender.
O Universo é elegante demais. Nós também.
 :)

LUZ!!!

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Quietude

 


Ficar em silêncio, por um tempo
Embalar a rede de minha emoção 
Quieta, entregue à presença do agora
Curar a percepção do diagnóstico:   

 Tirar o mundo da lupa!

Descansar o olho de ser gente grande
Me encontrar comigo!
De dentro para fora, ser
Não camuflar em mil espaços fragmentados para caber

Acolher e não encolher...multiplicar!

Conhecer um novo jeito de falar de um mesmo assunto
Nesse mundo tão plural é impossível sentir tédio
Entusiasmar, sentir tesão até o frio da espinha
Gozar das cores do arco-íris como se fosse a primeira vez...

Sentir a tez das coisas:
A superfície do rio espelha o céu!
Estamos tão profundamente coligados
Não perder o fio entre tu e o eu...

Bicho Equatorial em pleno cinza de janeiro!
Respiramos água o ano inteiro
Para recordar a liquidez que permeia a obra
...Existencial!

Humano, efêmero, plural
Natural...
ah! Apenar ser!
 - Tirar o mundo da lupa e se reaprender.

#


quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Comentários a respeito de Emerson.

 

Leva tempo, leva espaço
Pedaços inteiros do coração
Leva lágrimas e custa trajetos
Sustentar o pedido em oração:

Tudo que Deus nos concede
Mais do que apenas 'ato', é uma responsabilidade
A dádiva, como a luz, a todos alcança
- É o que fazemos que diz como será a dança.

É Dezembro, e não foi rápido: Passou lento
No exato tempo que precisei...
Pois, é verdade,  querido:
Cresci tanto, no último ano!

Aprendi sobre mim  no agora
Mais do que na última década!
O homem, entre lobos, não precisa também correr para ser lobo
Mas pode sê-lo, sem transmutar em fera.

É tudo uma escolha, que exerço cotidianamente...

Ciente disso, aprendi a aquietar a mente
Mesmo na frente no maior filho da puta 
Entendi que - meu pai tinha razão -
O erro alheio não pode valer a minha conduta.

Pois as pérolas, veja bem
Não se dão a Porcos
E é verdade que quem com eles se 'ajunta'
Procura por aquela racionalidade 

Por isso,  hoje apenas separo os dois em minha mente:  Sigo em frente.

Agora, tenho um diário
Para que minha baixa memória 
Não conte roteiros errados
Lá, deixo anotado...como o aprendido aprendizado

E sob o dito e o não dito, bendito e bendigo: Amém, já foi...

Porém, já não esqueço de falar nele - principalmente
Quem também sou e o que faço para contribuir com cada realidade
Afinal, olhar para si com verdade
é sempre a mais difícil tarefa

Por isso, levo à sério o que Emerson me diz
E mais ainda o que ouve de mim
Pois isso sim, vale à pena:
Eu preciso ser a verdade que espelho

Não ao espelho! Mas, à noite, ao falar com Deus...

Não repito a (c)egos o poder do erro
Cada um de nós recebe - ouve ou não - os sinais
Afinal, quem ri por último não ri melhor:
Bom mesmo é o que ri em paz!

#



*Essa é claramente uma poesia que foi nomeada com inspiração em 'Comentários a respeito de John". Mas é que é uma história parecida, pois Belchior conversa com a filosofia e com uma música de John Lennon. E também porque eu ainda acredito fielmente que 'a felicidade é uma arma quente'.
 E como o ano que passou foi um ano incrível de aprendizado sobre prioridades, disciplina, orações, crescimento e sobre paz e felicidade sentida de acordo como 'me aprendo' por dentro, cotidianamente, que a nomeei com o nome da pessoa que Deus escolheu para me ajudar nessa trajetória: um anjo pode vir de muitas formas. 

*Republicado de 01.12.2023



LUZ!

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Percepção






Não me reconheças ao espelho da tua memória
O ontem foi sobre mim, porém mais desavisada
A vida é sine cera
Acontece na hora da virtude e do delito

No hoje, meu bem, 'monalisa' já entende o 'grito'...

Sei, tudo isso parece-te muito abs ratio
Pois é muita pele para o fino trato
Para ti, existir é um pouco menos abstrato
E tudo bem, pois já diz o adágio

 Um ponto de vista é a vista de um ponto
E mesmo o 'nada' é uma questão de percepção...

Mas, nem mesmo cabe uma explicação
Tampouco apresentação: Apesar dos termos postos
Tudo é variável, constante mutação
Não fala, estende a mão: percebe.

Por isso, perdoe se repito:
Não me reconheças ao espelho da tua memória
O ontem foi sobre mim, porém mais desavisada
A vida é sine cera

Acontece na hora da virtude e do delito
No hoje, meu bem, 'monalisa' já entende o 'grito'...

#

Sentidos e sonhos!





As coisas mais sentidas em nossa paisagem interior não são expressáveis. Não encontram na fala ou na escrita a expressão que as comporte. 

As coisas mais sentidas são guardadas, mesmo que sem querer. Emoção é coisa que rega e frutifica de emoção.É coisa muito interna. A escrita é a tentativa do indescritível...
Eis uma das belezas da literatura: conhecer as 'causas perdidas' do mensageiro! 
E quando o mensageiro tem heterônimos? ....é ''Dar a cada emoção uma alma, a cada estado de alma uma alma''. 

Ter muitas almas dentro de cada emoção que nos habita! Amor, raiva, alegria, (saudades!!!)...acho que daí explicam-se os sonhos, ainda que os mais bobos: medos ou vontades das almas das nossas emoções.
É de sonhos que deixamos de ser "gente" e nos tornamos "pessoa", termo grego que quer dizer "soar com intensidade".
Por isso ser pessoa é tão forte, ao mesmo tempo, imprescindível. E, por mais cheio de nuances que seja, o melhor de tudo é saber...que não é impossível.

Por aqui...'lágrimas nos olhos de ler o Pessoa..."


*Republicado de 02.01.2015 porque foi acessado e sinceramente adorei esta escrita.

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Verbo, Vem!



 Verbo, vem!

Renova o sabor adocicado da palavra 
Renasce os dias, o tempo, a poesia
Outras formas de alegria nascem
Com tua chegada...

Verbo, vem!

Tu que faz presença no chão da minha sala
Nas manhãs mais doces de domingo
No tempo de preguiça que antecede janeiro
Pois ainda chove em Macapá todo Dezembro...

Chega manso, recém encarnado...
Abraçado como tudo que é novo e encantado
Luzes de neón não são mais fortes que as batidas 
Deste meu velho coração - que renasce em ti

De pensar em toda poesia que se enfeita
Só para te ver passar
Consegui dormir e acordar feito criança
Enfeito o tempo, as cores do meu lar

Verbo, vem! - quero te ver chegar...

#


"E eis que o verbo fez-se Carne" <3