quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Ensaios sobre o tempo, João

 


O segundo é mesmo precário, João:
Ou pula no trem da emoção
E vai, seguir e viver a viagem
Ou fica na Estação e, de antemão

- Aceita a paisagem.

E a vida é mesmo louca, João
Os dias não correm no contar da mão
O sol deita e levanta, mas o tempo de verdade
é muito mais complexo

E, no centro da sala
Bethânia ecoa Caetano: 'Quem não é Côncavo não pode ser Reconvexo...'

E não importa que a poesia deite e role, João
A gente se perdeu sem se ganhar
E o afeto que fica
é pouco para o que se tinha a partilhar

E não importa qual a senha, não há tanto segredo assim
Afinal,  tudo que havia  cabia na porta do olhar
No verbo não dito
Guardado dentro de mim.

E, ao fim, bem na curva do sol,

Somos mesmo ganhadores! 
Em uma estranha equação
A gente se perdeu no mesmo trem, no mesmo ritmo
E no mesmo vagão.

                                                                                    #
Obs1: O final deste poema tem clara inspiração em um poema da linda Maria Ester, aliás um poema que amo, o 'Desencontro', que diz  ''O destino/ Quis que/Nos perdêssemos/ Na mesma vida/ Na mesma vibe".  Porque poesia chega em nós e nos transforma. :D

Obs2: Sempre quis fazer um poema tendo por inspiração o nome 'João', claramente porque 'Comentários a respeito de John' segue como uma das músicas da minha vida, desde muito antes do tempo ser tempo, nesta internet.

 Mas faltava o ''quê'' que une a palavra ao poema.

Ouvi uma conversa,senti uma emoção. Não falta mais. 

LUZ!





segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Ensaios sobre os dias comuns



- Entre goles de amazonas
 E uns trocados de poesia:

 Brinco de ser feliz todo dia, vida
Entre números do caminho e a próxima rima
Trago mais risos e doçuras
Do que seus avessos...

Mas bem que vivo ao contrário, quando preciso: 
Aprendi a dizer não à toda forma de desmedidas
O mundo te engole, Nego, se tu te fizeres de tonto
Por isso, olha para um ponto e diz: 

Eis aqui meus contornos.

Mas, ei, maninho, não fica velho de tanto azedar às novidades
Não se engessar no processo é preciso: 
vive o bom da aceleração
Pega a liquidez e deixa de lado o limão:

hidrate-se das coisas boas...

A vida acontece e a gente acontece junto: é fato
O que discerne a palavra do teatro
É a ação, constituída dia a dia,
Acredita: o olho sabe bem o que vê...

E assim, trato de ser feliz todo dia
Guardo no peito a alegria singular
Que escorre entre as páginas de pedidos e goles de café
-pois, afinal, cada um bebe do 'ser quem se é' -

Mas a gente não precisa sentir tanto o alheio, não é mesmo?
Basta colher do próprio pomar
Sentir o aroma da vida
Acolher.

Abraçar.

E, no entremeado do cotidiano, 
encontrar a magia
Pois é fato que tudo é
 chegada, partida ou estadia

Então, guardo no peito as coisas bonitas
Esqueço à valer as maldades 

- Bebo a vida
Entre goles de amazonas
 Trocados de poesia
E respiro as simplicidades 
 -

#


Ninguém é inteiramente feliz todo dia, a não ser se for criança. Mas a poesia falou com a criança que mora em mim e que ama as borboletas amarelas da estação...e tudo me deixou singularmente feliz.

Gratidão.

LUZ!